Título: Correios: contratos suspeitos
Autor: Josie Jerônimo e Paula Barcellos
Fonte: Jornal do Brasil, 29/07/2005, País, p. A3

A cooperação entre a CPI dos Correios e o Tribunal de Contas da União (TCU) começa a dar os primeiros resultados. O presidente do TCU, ministro Adylson Motta, entregou ao presidente da comissão, senador Delcídio Amaral (PT-MS), um relatório que demonstra as irregularidades de um contrato de licitação na área de informática dos Correios. Segundo o secretário-geral de controle externo do TCU, Paulo Wiechers, a licitação foi direcionada e supervalorizada. O contrato flagrado pela auditoria do TCU se refere à licitação para a compra de solução integrada de automação de segurança postal vencida pela MCommerce, no valor de R$ 6,7 milhões. O plenário do TCU deverá aprovar na quarta-feira liminar recomendando que o contrato não seja assinado pela estatal.

A assessoria de imprensa dos Correios, entretanto, disse que a presidência da estatal já havia decidido, em junho, que o contrato não seria mais assinado.

O TCU analisará 600 contratos dos Correios. A prioridade será a auditoria de 35 contratos de áreas da estatal que foram citadas nos depoimentos da CPI. O contrato que consta do relatório encaminhado pelo TCU à CPI foi mencionado por Maurício Marinho, ex-diretor dos Correios.

O presidente do Tribunal afirmou que poderá dobrar o número de técnicos que estão auditando 27 órgãos e empresas estatais que foram citados nos depoimentos da CPI dos Correios.

Desde o início do mês, 100 técnicos do TCU analisam contratos firmados pelo Gabinete da Presidência da República, Banco da Amazônia, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Banco Popular, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), BR Distribuidora, Braspetro, Caixa Econômica Federal, Câmara dos Deputados, Casa da Moeda, Eletrobrás, Eletronorte, Eletronuclear, Correios, Fundação Jorge Duprat Figueiredo, Fundo de Amparo ao Trabalhador, Fundo Nacional de Segurança e Educação do Trânsito, Furnas, Infraero, Instituto de Resseguros do Brasil, Ministério da Cultura, Ministério da Justiça, Ministério do Esporte e Turismo, Ministério do Trabalho e Emprego, Petrobras e Transpetro.

Sobre o Gabinete da Presidência da República, o ministro Adylson Motta afirmou que o TCU está concentrando auditorias nas áreas de informática e comunicação.

Se outros órgãos forem citados nos próximos depoimentos, Motta disse que está disposto a remanejar mais técnicos:

- Se precisar dobrar esse número, não terei dúvida em fazê-lo, mesmo que isso signifique um eventual prejuízo às atividades de rotina do Tribunal - afirmou.