Título: Paraíso multinacional
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Fonte: Jornal do Brasil, 29/07/2005, Economia & Negócios, p. A17

A crise política e o medo do contágio da economia estão longe de afetar as operações de empresas estrangeiras no país. Cada vez mais, as multinacionais contam com o Brasil na hora de apresentar lucros robustos ou resultados operacionais vultosos. Na semana passada, a Coca-Cola já havia informado que a operação verde-e-amarela respondeu por parte importante do lucro mundial da companhia. Ontem foi a vez de Arcelor e Fiat creditarem aos ganhos obtidos pelas filiais brasileiras parte importante dos resultados positivos do primeiro semestre.

A siderúrgica belgo-francesa, segunda maior do mundo, duplicou seu lucro líquido no primeiro semestre, para 1,937 bilhão de euros. O lucro antes de impostos, depreciação, amortizações e juros (Ebitda) ficou em 3,383 bilhões de euros, dos quais 30% foram conseguidos através das operações no Brasil, onde a Arcelor controla Belgo Mineira, Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) e Vega Sul, além de ter 28% das ações da Acesita.

O expressivo resultado do primeiro semestre levou o presidente da Arcelor, Guy Dollé, a afirmar que ''2005 será melhor que 2004'', apesar de admitir que o segundo semestre não será tão positivo quanto o primeiro.

O presidente prevê uma desaceleração do aumento do consumo no Brasil e uma estagnação na Europa, o que se traduzirá em uma redução dos volumes e dos preços dos aços planos durante o terceiro trimestre.

Uma das controladas da Arcelor no Brasil, a CST fechou o segundo trimestre do ano com lucro de R$ 483 milhões, queda de 18% em relação a igual período de 2004. No semestre, no entanto, os ganhos da empresa saltaram 33%, para R$ 1,02 bilhão.

A Fiat foi mais uma multinacional a aproveitar o bom desempenho da filial brasileira. O grupo teve faturamento de R$ 8,2 bilhões no Brasil no primeiro semestre, 18,8% a mais que nos primeiros seis meses do ano passado.

A maior fatia do resultado positivo foi creditada à divisão de automóveis, que vendeu 189.762 veículos de janeiro a junho, 20,8% a mais que em igual período do ano passado.

A Iveco, que vende caminhões e ônibus fabricados pelo grupo, negociou 2.001 caminhões no país no semestre, 16,1% acima do resultado do ano passado, enquanto as vendas de ônibus subiram 12,8%.

Por fim, a fabricante de autopeças Magneti Marelli terminou o semestre com 72% de participação no mercado nacional e aproveitou as vendas de sistemas de injeção eletrônica para carros bicombustíveis.

Os resultados brasileiros ajudaram a matriz italiana a reduzir bruscamente suas perdas na divisão de automóveis. No segundo trimestre, a Fiat Auto teve prejuízo de 88 milhões de euros, bem abaixo dos 238 milhões em perdas em igual período do ano passado.

Mesmo com a recuperação, as vendas globais da Fiat Auto recuaram 4,8% no segundo trimestre. Apesar da queda das vendas, as receitas líquidas subiram 2,4%, para 5,01 bilhões de euros.

Segundo a Fiat, além das vendas no Brasil, outros fatores que ajudaram na recuperação foram as vendas de carros mais sofisticados e o câmbio favorável.

Como um todo, o Grupo Fiat fechou o segundo trimestre com lucro de 360 milhões de euros. O resultado foi beneficiado pelo pagamento da última parcela da ex-sócia General Motors.