Título: BC admite manter juros em alta
Autor: Silmara Cossolino
Fonte: Jornal do Brasil, 29/07/2005, Economia & Negócios, p. A20

A ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada ontem dá indícios de que os juros devem continuar num patamar alto ''por um período suficientemente longo de tempo''. De acordo com o documento, relativo à reunião da semana passada, quando os juros foram mantidos em 19,75% ao ano, os efeitos do ciclo de aumento da taxa de juros, iniciado em setembro de 2004 e interrompido em maio, continuam sendo sentidos tanto nos resultados recentes da inflação, que, há várias semanas vêm em declínio, como nas projeções para os índices que medem alta dos preços.

O Copom avalia que a manutenção da taxa de juros por um período longo de tempo seria capaz de proporcionar condições adequadas para assegurar a convergência da inflação para a meta de 5,1% ao ano este ano e de 4,5% em 2006. O documento informa que as expectativas para a inflação de 2005 dão sinais de estarem sendo sensibilizadas pela ação da política monetária. No entanto, não descarta mudança de rumo, caso ao cenário econômico exija.

O Copom avalia, ainda, que houve melhora no cenário externo. Mas a ata reconhece uma ameaça por parte dos preços internacionais do petróleo nos insumos derivados do produto e sobre as expectativas do mercado e dos empresários.

Apesar disso, o Copom manteve as projeções de reajuste zero para os preços da gasolina e de gás de botijão este ano. Além disso, reduziu as projeções de reajuste das tarifas da telefonia fixa, que passou de 8,6% para 6,5%, e da energia elétrica, de 10,8% para 8,2%. Na média, a projeção para reajuste dos preços administrados - cuja variação é estabelecida em contrato ou por autorização do governo - caiu de 7,3% para 7%.

Para o mercado, o documento apresentado pelo BC admitiu a melhora do quadro inflacionário, mas, em contrapartida, não indicou claramente a possibilidade de redução da taxa básica de juros da economia já no próximo mês. Com isso, as instituições não mudaram suas previsões. A Modal Asset acredita que os juros só caiam a partir de outubro. Já o Bradesco foi mais otimista, apostando em queda já para agosto, salvo mudanças inesperadas, como uma depreciação abrupta do câmbio.

Em Nova York, participantes do seminário O cenário econômico e político do Brasil também acreditam que os juros entrarão em trajetória de queda nos próximos meses. Na avaliação de Geoffrey Dennis, diretor e estrategista de América Latina para o Smith Barney, a taxa deve fechar neste ano em 18,5% e, no próximo, em 16,5%. A avaliação se deveu à percepção de que a inflação está sob controle.