Título: Em meio à crise, Rural é rebaixado
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Fonte: Jornal do Brasil, 30/07/2005, País, p. A6

A agência Fitch anunciou ontem a redução do ''rating'' (avaliação de risco) do Banco Rural pela segunda vez neste mês. No dia 11 de julho, a Fitch havia rebaixado sua nota devido ao envolvimento nos escândalos de corrupção do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Naquele mesmo dia, outra grande agência mundial de classificação de risco, a Moody's, colocou a nota do Rural em perspectiva negativa - ou seja, pode cair a qualquer momento.

Tanto na época quanto agora, a Fitch justificou a decisão ressaltando o ''desgaste que o Banco Rural vem sofrendo em virtude da veiculação negativa de sua imagem na mídia''.

Para as agências de classificação de risco, as citações do Rural em denúncias contra o governo federal teriam gerado uma situação que pode ''impactar de forma relevante a captação, a liquidez e o desenvolvimento do banco''.

Desta vez, o ''rating'' de longo prazo do banco caiu mais três degraus, de ''BBB-(bra)'' para ''BB-(bra)''. é possível que a nota tenha novas reduções, em poucos dias.

O Banco Rural, além de ter emprestado dinheiro ao PT, também concentra as contas das empresas de Marcos Valério Fernandes de Souza em que foram feitos os saques para supostamente abastecer o esquema do mensalão.

Fundado em 1948, o Banco Rural é um banco múltiplo controlado por cinco membros da família Rabello (84,7% das ações ordinárias) e com tradição no crédito para pequenas e médias empresas.

Sediado em Minas Gerais, possuía 97 pontos de atendimento (75 agências) no país, em março de 2005, e boa presença em outros países, com sete dependências, a maioria atuante em comércio exterior.

O Banco Rural informou ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, possuir uma ''carteira muito saudável'' e ''ativos líquidos de excelente qualidade'', em resposta à decisão do Fitch.

Na nota, o Banco Rural considera a Fitch ''soberana em suas avaliações'', mas discorda da análise da agência.

''O Banco Rural destaca que permanece cumprindo seus compromissos e mantém uma carteira muito saudável, fato que pôde ser comprovado durante esta semana quando efetuou pagamento de emissão de eurobônus no valor de US$ 25 milhões, que venceram em 28 de julho'', informa a nota.

''O banco opera com ativos líquidos de excelente qualidade, de curto prazo de 45 dias, lastreados em recebíveis, com pequenas e medias empresas'', finaliza.