Título: Estados Unidos sentem-se ameaçados
Autor: Clara Cavour
Fonte: Jornal do Brasil, 31/07/2005, Internacional, p. A15

As maiores reclamações da espionagem chinesa são dos Estados Unidos. O motivo do incômodo seria o que o chefe da contra-Inteligência do FBI (a polícia federal americana), David Szady, chamou de ''aproximação da superioridade tecnológica americana'':

- O que normalmente levaria dez anos para se desenvolver, na China leva apenas dois ou três.

Em entrevista ao JB, Minh Luong, professor de Espionagem e Inteligência Econômica da Universidade de Yale, diz que ''a agressividade chinesa ajudará o país'' em seu processo de crescimento:

- A China vai se tornar poderosa mais rapidamente do que se estivesse desenvolvendo sua própria tecnologia.

Estima-se que 19 mil chineses estejam estudando nos EUA. O americano John Fialka, autor de War by other means (''A guerra por outros meios'' em tradução livre), diz que esse contingente acaba trabalhando em empresas de alta tecnologia em função de sua excelência acadêmica. Muitos não estão envolvidos diretamente em atividades espiãs, mas poucos recusariam um convite do governo chinês para uma conversa na volta para casa.

Na opinião de Dunnigan, é mais interessante para os chineses ''ser amigo do PC'' do que cooperar com Washington. As recompensas são maiores. Quando colaboram, recebem tratamento diferenciado. A dificuldade em provar o roubo de tecnologia é a principal razão para as poucas prisões que ocorreram ao longo desses anos. O problema é que a experiência no exterior pode se transformar em armas nucleares no futuro, alerta o analista militar.