Título: Preços garantem exportação recorde
Autor: Dimalice Nunes
Fonte: Jornal do Brasil, 02/08/2005, Economia & Negócios, p. A19

O aumento dos volumes exportados aliado e a melhora nos preços de alguns produtos básicos resultaram em mais um recorde de vendas externas em julho, com exportações somando US$ 11,061 bilhões. Com importações de US$ 6,05 bilhões, o superávit da balança comercial atingiu US$ 5,011 bilhões no mês passado - outro resultado histórico - , crescimento de 44,6% em relação ao saldo do mesmo período do ano passado. A elevação de preços no mercado internacional ajudou a compensar as perdas provocadas pela cotação do dólar, que permanece abaixo de R$ 2,40.

O resultado no mês eleva o saldo positivo acumulado ao longo do ano para US$ 24,678 bilhões, o que representa um aumento de 33,6% na comparação com os sete primeiros meses de 2004, quando o superávit foi de US$ 18,469 bilhões. Consideradas isoladamente, as exportações cresceram 23,8% frente ao período de janeiro a julho do ano passado, chegando a US$ 64,738 bilhões. Já as importações ficaram em US$ 40,06 bilhões, um salto de 18,4%.

Segundo o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ivan Ramalho, as vendas externas de produtos básicos também foram recordes, impulsionadas principalmente pela melhora dos preços de petróleo, minério de ferro e carnes. Na comparação com julho de 2004, as vendas desses itens cresceram 45,1% na média diária. Pelo mesmo critério, cresceram também a receita das vendas de carne suína (94,1%), bovina (64,5%), café em grão (46%), frango (42%), minério de ferro (39,9%) e fumo (37,8%). No quesito preços, os destaques de elevação foram minério de ferro (55,2%), óleos combustíveis (52,9%), café em grãos (51,9%), carne suína (29,5%), petróleo (26,9%), açúcar refinado (24%), gasolina (21,2%), dentre outros produtos básicos que registraram importantes aumentos de preço na comparação com julho de 2004.

O secretário-executivo disse que parte do crescimento das vendas de petróleo e derivados é resultado de uma questão burocrática: uma parcela das vendas desses produtos feitas efetivamente em junho foi contabilizada em julho, somando cerca de US$ 300 milhões. Ramalho, porém, acrescentou que esse volume não chega a ser grande o suficiente para ter mudado a tendência da balança comercial de julho. Ou seja, os recordes registrados teriam acontecido independentemente disso.

As exportações de manufaturados e semi-manufaturados foram recordes para meses de julho ao registrarem, respectivamente, US$ 5,6 bilhões e US$ 1,412 bilhão. Sobre julho de 2004, as vendas de manufaturados elevaram-se 23,6%, e as de semi-manufaturados, 9,7%, pela média diária.

Mesmo com a disparada de julho, Ramalho manteve as projeções feitas anteriormente para a balança comercial brasileira em 2005. A estimativa é de exportações de US$ 112 bilhões e saldo de US$ 35 bilhões. Em doze meses, a balança acumula saldo de quase US$ 40 bilhões e exportações de US$ 109 bilhões. No mês passado, as importações cresceram 14,7% sobre junho, enquanto as exportações subiram 28,9%.

- Achar que o saldo será de US$ 40 bilhões seria supor que as importações cresceriam a partir de agora como cresceram em julho - afirmou. - Mas isso não deve acontecer. Não há porque as exportações crescerem o dobro das importações - concluiu.