Título: Partidos políticos
Autor: Gilberto Alves da Silva
Fonte: Jornal do Brasil, 03/08/2005, Outras Opiniões, p. A17
A democracia tem dois pilares básicos: o voto e os partidos políticos. Estes últimos são considerados órgãos de coordenação e manifestação da vontade popular, símbolos da participação do povo na soberania do Estado.
Os partidos políticos são organizações voluntárias nas quais o povo de uma Nação se divide em vários agrupamentos, cada um deles possuindo o seu próprio pensamento no que diz respeito à maneira de como ela deva ser governada.
As primeiras manifestações com características de partidos políticos no Brasil datam do império. Antes da independência a luta política restringia-se a brasileiros, os que a desejavam e aos portugueses, os que não a desejavam. Embora pudessem ser identificados grupos sociais específicos dentro destas forças, elas ainda estavam longe de ser consideradas agremiações políticas.
Logo após a independência do Brasil, surgem grupos antagônicos. Uns favoráveis à orientação do monarca e outros adversários. Esta situação ocorre quando estava-se organizando o império, em outubro de 1822, portanto logo após a independência. Nesta época surgiu uma forte oposição ao ministério do qual a figura principal era José Bonifácio de Andrada e Silva. Este movimento levou à queda do ministério, em 1823.
Nas duas primeiras constituições, 1824 e 1891, não se verifica referências a partidos políticos. Somente na década de 30, começa-se a observar uma preocupação com os assuntos partidários, isto ligado ao fato da criação da Justiça Eleitoral em 1932. A Constituição de 1946 deu início à institucionalização jurídica dos partidos políticos.
A legislação eleitoral e a Constituição de 1988 permitem a existência de vários partidos, coisa que não era possível até o fim da ditadura militar. Com o término deste regime, que se estendeu de 1964 até 1985, houve a criação de várias agremiações partidárias e o funcionamento de vários partidos que, até então, estavam na clandestinidade. Durante o regime militar, a Lei Falcão estabelecia a existência de duas legendas: a Arena e o MDB.
A Arena reunia os políticos favoráveis ao regime de exceção e o MDB constituía a oposição, embora controlada. A partir da década de 80, o país retorna à democracia com a existência de vários partidos políticos. Infelizmente, este regime, que é considerado o melhor dos regimes, vem sendo deturpado, na sua essência, pelos nossos representantes, os eleitos pelo povo.
Hoje, com raras exceções, político está associado a corrupto e partido político, também com raras exceções, até agora, à corrupção. Esta corrói o país, leva à pátria ao descrédito, gera violência e tudo de pior que se possa imaginar. É uma prática que tem que acabar, o povo tem que reagir contra este procedimento.
É notório que a elite política brasileira não é sensível aos perigos potenciais externos que rondam Nação - ou por desconhecimento/despreparo ou por conveniência/conivência. A Amazônia ameaçada pela cobiça internacional, pelos motivos que todos sabem e agora, outra possível ameaça acaba de surgir. Não estamos atentos a ela por causa da crise que estamos vivendo que é a possibilidade da autorização da instalação de uma base militar americana no Paraguai. Onde há fumaça, há fogo.
Nesta tríplice fronteira, região altamente estratégica, encontra-se a hidrelétrica de Itaipu, que supre toda energia deste país e grande parte da energia do território brasileiro, além de ser uma região de alta fertilidade.
Conforme a advertência de Lincoln, ''um país dividido é presa fácil para os seus adversários'', o nosso país, por causa da crise interna por que está passando, está dividido, o que o faz ser uma presa fácil para aqueles que o cobiçam. Com todos os problemas internos e mais as ameaças externas potenciais que rondam o Brasil, os escolhidos pelo povo não pensam, com raras e xceções, no país. Pensam sim, nos seus proveitos em detrimento das necessidades por que estes eleitores passam: fome, insegurança, ausência de saúde e, principalmente, educação.
Vamos ser patriotas, vamos pensar no Brasil, vamos defender o quem é nosso da cobiça mundial. Com seriedade e vontade chegaremos lá.