Título: Marcos Valério, o 'consultor' do presidente
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Fonte: Jornal do Brasil, 04/08/2005, País, p. A2

Uma declaração do ex-ministro de Obras Públicas de Portugal Antonio Mexia, registrada pelo jornal português Expresso, aumentou ainda mais a temperatura política no Planalto. Na edição de 16 de julho, Mexia afirmou ao semanário que recebeu Marcos Valério Fernandes de Souza ¿ apontado como operador do mensalão ¿ na qualidade de ¿consultor do presidente do Brasil¿. A reunião teria ocorrido a pedido do presidente-executivo do grupo Portugal Telecom, Miguel Horta e Costa. O deputado Antonio Carlos Pannunzio (PSDB-SP) causou frisson na CPI dos Correios ao repassar a notícia.

O encontro aconteceu no fim de outubro do ano passado. O ex-ministro de Obras de Portugal afirmou ao Expresso que teve uma reunião ¿de cortesia¿ com o publicitário e que a reunião durou de 10 a 15 minutos. Disse que foi uma ¿conversa de circunstância¿, sem ¿tema específico¿.

Segundo o jornal, Mexia qualificou de ¿ridículo¿ o envolvimento de seu nome com Valério e afirmou estar disponível para prestar esclarecimentos ao Congresso brasileiro.

Em nota divulgada na noite de ontem, o Palácio do Planalto negou que tenha autorizado Marcos Valério a se apresentar como consultor. A nota da Presidência também informa que solicitou à embaixada do Brasil em Portugal que peça mais detalhes ao ex-ministro português sobre o encontro com Marcos Valério.

O próprio Marcos Valério negou, também à noite, que tenha informado possuir tais credenciais. Por meio de nota divulgada pela sua assessoria de imprensa, confirmou ontem que esteve em Portugal no ano passado e se encontrou com o então ministro de Obras Públicas português, Antônio Mexia. Confirmou também que Mexia foi apresentado a ele pelo presidente da Portugal Telecom, Miguel Horta e Costa.

Ele negou, no entanto, que tenha sido recebido na condição de consultor ou representante da Presidência da República ou de ¿qualquer outro órgão governamental brasileiro¿.

Na nota, o empresário confirma ainda que esteve novamente em Portugal em janeiro deste ano, com o tesoureiro informal do PTB, Emerson Elói Palmieri, para uma tentativa de reunião com o presidente da Portugal Telecom. Segundo Valério, a viagem tinha o objetivo sondar contas de publicidade da empresa portuguesa, que estaria interessada em adquirir a Telemig, cliente de umas agência de Valério.

Ele negou ter participado de reunião em Brasília, em janeiro, com integrantes do governo federal e o empresário Ricardo Salgado, do Banco Espírito Santo. Na terça-feira, Valério havia explicado que Palmieri viajou com ele na condição de ¿amigo¿ e também porque estava ¿muito estressado¿.

Durante o depoimento do ex-ministro José Dirceu ao Conselho de Ética da Câmara, o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) disse que o ex-ministro autorizou a ida de dois emissários do PT e do PTB a Portugal para negociar com representantes da empresa de telecomunicações a liberação de recursos para acabar com as dívidas dos dois partidos. Dirceu respondeu que era mais uma mentira de Jefferson.

O grupo Portugal Telecom divulgou nota ontem em que admite ter tido contato com Marcos Valério de fernandes Souza, mas apenas para discutir a a aquisição da operadora de telefonia Telemig pela empresa. Na terça-feira à noite a empresa portuguesa já havia distribuído uma primeira nota na qual informava que afirmava que nunca teve qualquer conhecimento ou participação em relação ao objetivo de organizar um encontro com representantes do PT e PTB em Lisboa, Portugal.