Título: Pedido de prisão para Waldomiro e Cachoeira
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 05/08/2005, País, p. A6
O delegado Milton Olivier, que preside o inquérito da Polícia Civil que apura irregularidades na Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj), disse ontem que pedirá à Justiça, possivelmente semana que vem, a prisão preventiva de Waldomiro Diniz, ex-assessor da Casa Civil , e do empresário de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Milton Olivier embasará os pedidos de prisão preventiva no que considera a recusa dos acusados em prestar depoimentos na Delegacia de Repressão a Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais, órgão especial da Polícia Civil do Estado do Rio (Draco) e na suposta prática por eles de crimes como corrupção ativa e passiva e formação de quadrilha.
O inquérito aberto pela Draco está em fase final. Olivier começará a preparar o relatório conclusivo. Ele já indiciou Waldomiro Diniz sob acusação de corrupção passiva (artigo 317 do Código Penal, com pena prevista de um ano a oito anos de reclusão, mais multa) e prevaricação (artigo 319 do Código Penal, com pena de três meses a um ano de detenção, além de multa).
O delegado afirma que, aliado a Cachoeira e a empresários e funcionários e ex-dirigentes da Loterj, Waldomiro cometeu ainda o crime de formação de quadrilha ou bando - pena de um a três anos de reclusão, conforme estipula o artigo 288 do Código Penal.
Além da acusação de formação de quadrilha ou bando, Cachoeira foi indiciado pela suposta prática de corrupção ativa, crime previsto no artigo 333 do Código Penal, com pena de multa e reclusão de até oito anos.
O criminalista Luiz Guilherme Vieira, advogado de Diniz, afirmou que o seu cliente nunca se negou a prestar depoimentos à polícia. Vieira disse que Diniz não compareceu à sede da Draco porque a lei dá à pessoa que não mora no Estado em que o inquérito transcorre o direito de prestar depoimento por meio de carta precatória. Waldomiro mora em Brasília. Cachoeira, em Goiás. O advogado disse que enviou a Draco o depoimento de Diniz na CPI da Loterj.
- Não existe mais nada a ser acrescentado nos depoimentos pelo meu cliente.
De acordo com Olivier, tanto Diniz quanto Cachoeira se recusaram a depor no inquérito. O delegado disse que por três vezes convocou os acusados, por meio de intimações. Nenhum dos dois compareceu a Draco, na zona portuária do Rio.
- O pedido de prisão que apresentarei à Justiça se justifica pela gravidade dos crimes e na recusa sistemática dos dois em prestarem os depoimentos, afirmou.