Título: Câmbio cede pelo 8º dia
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Fonte: Jornal do Brasil, 05/08/2005, Economia & Negócios, p. A17

A moeda americana não pára de descer a ladeira e rompeu ontem a barreira dos R$ 2,30. Durante o dia, o dólar chegou a ser negociado a R$ 2,29, mas as operações foram encerradas com a cotação de R$ 2,305, no oitavo dia consecutivo de queda. Analistas explicam que a entrada de recursos - resultado de exportações e captações externas - somada à baixa demanda interna favorecem a força do real frente ao dólar. A moeda americana está no menor patamar em três anos.

Ontem foi a vez de o Banco Votorantim encerrar operação de captação de recursos, por meio de eurobônus com prazo de cinco anos, no montante de US$ 100 milhões. De início, a intenção da instituição era captar US$ 50 milhões, mas a demanda foi muito maior.

Já a Bovespa encerrou o pregão em baixa de 0,91%, pelo segundo dia consecutivo. Na BM&F, a concentração dos negócios no contrato DI (Depósito Interfinanceiro) com vencimento mais curto, na virada do mês, chamou a atenção. O vencimento movimentou 2.500 contratos ontem, o que demonstra que muitas instituições financeiras que não apostavam na redução da taxa básica de juros (Selic) neste mês já acreditam na possibilidade.

Mesmo com esse resultado, o otimismo do mercado financeiro não parece mais contagiar a equipe econômica e o governo. Depois do presidente Lula e do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, ontem foi a vez de o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, dizer que a economia brasileira não é ''invulnerável''. Mesmo sendo suscetível a crises, Meirelles reafirmou que economia tem fundamentos sólidos e está ''saudável''.

- Todo mundo pode pegar uma doença, mas a economia como um corpo saudável é mais resistente e tem mais condições de passar por problemas - afirmou.

A presidente da agência de rating Standard & Poor's no Brasil, Regina Nunes, disse ontem que a crise política que o país atravessa pode impedir a agência de melhorar a nota de risco soberano. Pela classificação da agência, o Brasil tem nota ''BB-'', ou seja, está na categoria de ''grau especulativo''.