Título: Corrida contra o tempo no Pacífico
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 06/08/2005, Internacional, p. A12

Um acidente nos moldes do que matou 118 marinheiros russos em 2.000 mobilizou as forças armadas da Rússia, Estados Unidos, Grã-Bretanha e Japão ontem. O minissubmarino russo AS-28 está encalhado desde quinta-feira na Baía de Berezovaya, Sudeste da Rússia, a 70 quilômetros da península de Kamchatka. Os quatro países estão trabalhando juntos para resgatar os sete tripulantes a bordo, que, segundo as autoridades russas, estão ''bem'', a cerca de 190 metros de profundidade no Oceano Pacífico.

Ao contrário do que aconteceu há cinco anos, quando o submarino Kursk afundou e o presidente russo, Vladimir Putin, recusou ajuda internacional, dessa vez, a Rússia demorou menos de 24 horas para reconhecer que tinha um problema. Pediu ajuda aos EUA e Japão e aceitou a oferta de socorro da Grã-Bretanha. A divulgação de informações durante o dia, no entanto, apresentou contradições. A mais importante delas era relacionada à quantidade de oxigênio disponível na embarcação. A versão oficial diz que os marinheiros têm oxigênio suficiente para permanecer no AS-28 até segunda-feira, mas um oficial da Marinha russa afirmou que a quantidade de ar não seria suficiente para 24 horas.

Ainda segundo informações do governo russo, o minissubmarino parou quando ficou preso em redes de pescaria. Mais tarde, foi divulgado que ele ''também'' estava preso a cabos da antena de vigilância costeira da região, o que o impedia de ser rebocado. Segundo as autoridades russas, a antena está presa ao fundo do mar por uma âncora de 60 toneladas, que teria que ser destruída com explosivos para que o AS-28 fosse rebocado.

Mesmo assim, ontem, equipes russas conseguiram fixar o minissubmarino a uma embarcação-reboque e movê-lo alguns metros, na tentativa de levá-lo para águas mais rasas.

Ainda orientaram os marinheiros a baixar sua atividade física ao mínimo necessário, a economizar energia e a manter seus corpos aquecidos, mesmo numa temperatura ambiente de 5 graus - a tripulação tem uniformes térmicos. A opção de os marinheiros nadarem até a superfície não é viável já que estão a uma profundidade maior do que pode suportar um ser humano.

O porta-voz da Marinha russa, Igor Dygalo, garantiu que os marinheiros estão informados sobre tudo e ''não estão em pânico''. Não há comunicação por voz, mas estão sendo feito contatos sonoros, pelo rádio.

A Marinha dos Estados Unidos enviou dois Super Scorpios, equipamentos submersíveis de resgate acionados por controle remoto. Tem lâmpadas, câmeras e ''braços'' capazes de cortar cabos de aço. Em reunião de emergência na madrugada de ontem, no Havaí, ficou decidido que pelo menos 30 marinheiros americanos seguiriam na missão a bordo de um C-5, que decolou de uma base aérea na Califórnia à tarde.

A Grã-Bretanha também mandou um equipamento similar e seis marinheiros, que devem chegar ao local hoje de manhã, como os americanos. O Japão, por sua vez, decidiu mandar quatro embarcações, mas a previsão é que só cheguem no início da próxima semana.