Título: Exportações puxam indústria
Autor: Sabrina Lorenzi
Fonte: Jornal do Brasil, 06/08/2005, Economia & Negócios, p. A19

As exportações e o crédito ajudaram o setor industrial a recuperar a produção na virada do mês de maio para junho. Apesar da taxa de juros de 19,75% ao ano ratificada naquele mês, a fabricação de bens de consumo duráveis e de bens de capital impulsionou o setor, que cresceu 1,6% em junho.

No acumulado do primeiro semestre do ano, a expansão do setor foi de 5% em relação ao mesmo período do ano passado. Na comparação com junho de 2004, o aumento da produção foi de 6,7%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Mas os segmentos de bens de consumo semi e não duráveis, dependentes da renda do trabalhador e do nível de emprego, voltaram a arrefecer.

Dos 23 ramos industriais pesquisados pelo IBGE, 18 registram crescimento da produção em junho. Os destaques foram os segmentos de veículos automotores (8%) e de material eletrônico e equipamentos de comunicações (7,1%). Bens de consumo duráveis, com acréscimo de 8,1%, alcançou a taxa mais elevada entre as categorias.

''Os indicadores relativos ao mês de junho confirmam o momento de elevação no patamar da produção industrial, com destaque para a performance dos bens de consumo duráveis (automóveis, eletrodomésticos, celulares etc), segmento que mais se beneficia dos dois fatores que têm impulsionado a atividade econômica: as exportações e a continuidade da expansão do crédito'', diz trecho do relatório Pesquisa Industrial Mensal (PIM).

Entre fevereiro e junho, a produção de bens duráveis cresceu 23,5%. Estatísticas mais recentes da Anfavea, no entanto, apontam que a venda de veículos caiu em julho, o que deve ser verificado também pelo IBGE na próxima aferição. O declínio se explica com o choque do câmbio sobre as exportações.

Também embalada pelas vendas ao exterior, a produção de bens de capital apresentou elevação de 4,2% em junho, após crescimento de 5,2% em maio.

As demais categorias cresceram abaixo da média. O setor de bens intermediários registrou avanço de 0,9%. O segmento de bens de consumo semiduráveis e não duráveis, com alta de 0,7%, manteve ritmo de crescimento próximo ao verificado em maio (0,6%). No trimestre, a categoria foi a única a reduzir produção, com menos 0,9% em relação ao primeiro trimestre.

No segundo trimestre, a indústria brasileira cresceu 2,1%. No primeiro trimestre, o setor havia registrado estagnação em relação ao último quarto de 2004.

Apesar do crescimento no mês, a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) sugeriu, em nota emitida ontem, que a expansão acumulada nos últimos 12 meses indica uma ligeira desaceleração, uma vez que em maio estava em 7,3% e em junho caiu para 6,7%. Segundo Paulo Francini, diretor-titular do Departamento de Pesquisas Econômicas da Fiesp (Depecon), o crescimento deve ser visto com cautela.

- Enquanto os primeiros seis meses deste ano registraram expansão de 5%, no mesmo período do ano passado a produção subiu 8,3% - destaca.