Título: Direção do PT aprova afastamento de Delúbio
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 07/08/2005, País, p. A6
O diretório nacional do PT aceitou no início da noite de ontem o pedido de afastamento do ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares. O desligamento deverá durar 60 dias, prazo necessário para a conclusão da investigação interna sobre a atuação de Delúbio no esquema de caixa dois no partido, operado por Marcos Valério Fernandes de Souza.
Delúbio antecipou-se à reunião do diretório, que avalia os próximos passos para sanar sua pior crise em 25 anos, e enviou no fim da tarde, por carta, o pedido de afastamento. O depoimento do ex-tesoureiro, marcado para a manhã de hoje, foi adiado. Ainda não há uma nova data prevista.
O afastamento de Delúbio foi aprovado por 46 votos, contra sete a favor de sua expulsão.
O Campo Majoritário, corrente mais numerosa do PT, conseguiu aprovar, por 29 dos 56 votos, uma resolução em que o partido assume parte da responsabilidade pela crise, mas joga uma parcela de a culpa na imprensa e na ''direita''.
''O PT defende a apuração rigorosa e as punições, inclusive no âmbito partidário, para aqueles que colocaram em risco o patrimônio político acumulado pelo PT e pela esquerda brasileira. Mas não aceita e denuncia as estratégias oportunistas da direita que quer usar esse processo para abreviar o mandato popular, legal e legítimo do presidente Lula''.
Em outro trecho a culpa vai para a imprensa:
''Não somos ingênuos a ponto de pensar que todas as denúncias que circulam pela imprensa visam combater a corrupção. (...) Combinada com essa sadia possibilidade democrática, também está em curso um procedimento difamatório montado contra a totalidade do PT e as suas lideranças e contra o governo e seus representantes, que visa aniquilá-lo''.
A resolução foi um dos pontos mais polêmicos da reunião. A esquerda queria um texto mais autocrítico.
O presidente do PT em exercício, Tarso Genro, foi obrigado a interromper o seu trabalho na reunião do Diretório Nacional do PT para responder aos jornalistas sobre a denúncia da revista Época de que teria recebido de Marcos Valério dois cheques nominais, de R$ 75 mil cada um, para pagar o material de sua campanha às eleições de 2002 produzido pelas gráficas gaúchas Impressul e Comunicação Impressa. Genro negou ter recebido dinheiro de Valério e afirmou que que ainda está pagando o dinheiro gasto em sua campanha nas últimas eleições.