Título: Santiago domina mercado
Autor: Sheila Machado
Fonte: Jornal do Brasil, 07/08/2005, Internacional, p. A13
Para o Chile, mais do que tradição o pisco é um ótimo negócio. A bebida é produzida com o suco fermentado de oito tipos de uvas diferentes, mas a mais comum é a moscatel. Para os puristas, o pisco chileno não tem comparação com o peruano. O primeiro é mais doce e fraco, porque os produtores acrescentam água para reduzir o teor alcoólico. Já o chamado ''autêntico pisco peruano'' tem grau de álcool bem elevado (44º) e é elaborado com a uva ''quebranta'', que não existe no vizinho do Sul.
As críticas não abalam os produtores chilenos. O que eles querem é fazer um produto de qualidade e adaptável ao gosto de cada consumidor. É por isso que a gradação alcoólica varia em 35º, 40º, 43º e 46º. Os preços acompanham: quanto mais forte, mais cara a aguardente.
A tática comercial não pára por aí. Em outubro de 1998, os produtores iniciaram uma colossal campanha publicitária de US$ 2 milhões nos Estados Unidos, vitrine para promover a bebida no exterior. O slogan era: ''Beba pisco chileno''.
A supremacia produtiva é mesmo chilena. Vinicultores locais têm à disposição nada menos do que 12 mil hectares de terra para cultivar uvas exclusivamente para a fabricação do licor. A área fica no Norte do país, região desértica com características climáticas similares às encontradas em Pisco. No Peru, são apenas 2,5 milhões de hectares, o que faz o mercado interno ser um alvo mais realístico, pelo menos até agora.
Mas também no Chile o consumo nacional é importante. As vendas anuais de pisco geram US$ 150 milhões e são controladas por duas empresas: a Cooperativa Agrícola Pisquera Elqui Ltda. (Capel) e a Compañía Pisquera de Chile (CCU-Control), à qual se agrega a Bauzá, que tem participação exclusiva no segmento de ''pisco premium'' - o mais rentável.
A Capel nasceu em 1934 como Sociedad de Productores de Elqui e cinco anos mais tarde passou a ser uma cooperativa que agora é formada por cerca de 1.500 associados. Sua produção supera 3,5 milhões de caixas de pisco anuais. Cerca de 30 mil caixas de pisco e pisco sour são exportadas para mais de 27 países.
Já a Compañía Pisquera concentra 52% do negócio nacional, produzindo 3 milhões de caixas por ano, que geram US$ 31 milhões em vendas. É a líder no segmento de pisco sour (80% do mercado) e exporta para 18 nações.