Título: Espanhol passará a ser dado no Ensino Médio
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Fonte: Jornal do Brasil, 07/08/2005, Brasília, p. D3
O presidente Lula sancionou o projeto de lei 3987/00, de autoria do deputado federal Átila Lira (PSDB-PI), que torna obrigatória a oferta de língua espanhola no ensino médio público e privado de todo o País. No Distrito Federal, lei semelhante de autoria do deputado distrital Paulo Tadeu (PT) passou pelo plenário da Câmara Legislativa no dia 30 de junho, mas ainda espera a sanção do governador Joaquim Roriz. Com a instituição da lei federal, cada estado terá até cinco anos para implantar aos poucos a medida, que permitirá aos alunos de nível médio optarem pelo estudo de Inglês ou Espanhol. Para Paulo Tadeu, aprender a língua de nossos vizinhos é fundamental para garantir a integração regional nas Américas.
- Esta é uma orientação clara dos governos federais. Até mesmo por conta do Mercosul e das relações comerciais e turísticas entre os países - afirma o distrital.
Por ter legislação própria, acredita Paulo, o DF poderá ser um dos primeiros estados a ver a idéia na prática. Na semana passada, o distrital teve um encontro com o conselheiro de educação da Embaixada da Espanha, Jesus Martin Cordeiro, que prometeu conversar com Roriz a fim de apressar a sanção. A Secretaria de Educação terá que fazer um levantamento sobre gastos com estudos de demanda, contratação de mais professores e abertura de espaço nas escolas.
De acordo com a lei federal, as ofertas nas redes pública e privada terão diferenciações. Nos sistemas públicos, o ensino será feito em centros de língua estrangeira, em horário regular ao de aula. Nas escolas privadas, pode acontecer de duas formas: nas salas de aula, em horários normais, ou em centros de estudos de línguas.
No DF existem menos de 10 escolas públicas oferecendo o ensino de espanhol a 4,4 mil alunos. Em todo o Brasil, são cerca de 840 escolas.
Atualmente, alguns alunos da rede pública contam com a possibilidade de escolher o quê cursar. O Centro Interescolar de Línguas (CIL) da Asa Sul, o mais frequentado da rede, por exemplo, atende quatro escolas das proximidades: Setor Oeste, Elefante Branco, Centro de Ensino 107 Sul e Polivalente. Segundo a diretora Denise Damasco, são 1,8 mil alunos - a partir da 5º série do ensino fundamental - nas aulas de inglês, espanhol e francês. Ela conta que, nos últimos dez anos, as matrículas para Espanhol superaram as de Francês.
- Os alunos acham que será mais fácil estudar espanhol por ser mais parecido com o português - explica Denise, ressaltando que, por turno, a escola oferece seis turmas de Espanhol e três de Francês. Há uma década, eram cinco de Francês e três de Espanhol. A procura de Inglês, no entanto, ainda supera as duas: são pelo menos 17 todo semestre. De acordo com a diretora, a supremacia o interesse é explicada pela influência da Terra do Tio Sam na cultura brasileira - músicas, internet, jogos eletrônicos.
O crescimento da língua se reflete no volume de alunos de Letras-Espanhol que procuram o CIL para estágio. No ano passado, foram mais de 20. A estudante Eliane de Castro, 26 anos, dedica-se à língua espanhola há um ano.
- Acho a língua muito bonita. Quero ser tradutora, viajar pela América. Espero que um dia a língua espanhola supere a inglesa, assim com um dia o Francês já foi a língua priorizada nas escolas - diz Eliane.