Título: Futuro incerto para os pequenos partidos
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Jornal do Brasil, 08/08/2005, País, p. A2

PTB, PP e PL sempre estiveram nas franjas do poder, mas nunca esses partidos tiveram fôlego para chegar à Presidência da República. O maior petebista da história, Getúlio Vargas, presidiu o Brasil em tempos passados, quando não existia quase nenhuma das legendas atuais. Paulo Maluf, do PP, tentou em 1985 e 1989, perdeu nas duas e acabou submergindo, mais preocupado em se defender das acusações de corrupção que pesam contra ele. No PL, José Alencar tornou-se um dos fiéis escudeiros e parceiros de Lula na vice-presidência. Fora isso, as legendas sempre se contentaram com nacos de poder, ministérios, estatais, autarquias. Foi assim durante as gestões José Sarney, Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso e Lula. Mas o futuro é incerto para estas legendas. Com o escândalo do mensalão, estes partidos mergulharam na lama e lutam para voltar a respirar.

- A situação destes três partidos é muito complicada - reconheceu o cientista político David Fleischer.

As cúpulas das legendas, incluindo presidências, líderes e ex-líderes na Câmara, estão sob suspeição. Divididas entre o caixa dois de campanha e os repasses do mensalão, este segmento destroçado da base governista precisará de prazo para se recuperar e livrar-se do rótulo de fisiológicos.

- Certamente não vão desaparecer, mas sofrerão uma redução brutal. O PP até se animou após a eleição de Severino Cavalcanti para a presidência da Câmara. Agora, o cenário mudou - avalia Fleischer.

A cientista política Lúcia Hipólito afirmou que o PTB tinha traçado um planejamento político estratégico correto. Aliou-se a Ciro Gomes em 2002, apoiou Lula no segundo turno. Vestiu a camisa governista, foi de uma fidelidade política enorme, credenciando-se para indicar o vice em 2006.

- A legenda vai submergir, esperar o turbilhão passar. Mas acho que sobrevive, é um partido histórico, tem 60 anos de vida, sempre com o mesmo nome - lembrou Lúcia.

Para a cientista política, as situações de PL e PP são mais complicadas. No caso do Partido Popular, não existe uma identidade nítida com a sociedade. Lúcia Hipólito acredita que são partidos muito personalistas, apoiados em nomes como Delfim Netto (SP) e Francisco Dornelles (RJ), tendo sempre como sombra o espectro de Paulo Maluf.

Para José Luciano Dias, em situações como essa os partidos políticos escolhem dois caminhos: ou submergem para esperar o fim do vendaval ou buscam nomes acima de qualquer suspeita para limpar a imagem:

- No momento, não estão ainda em condições de escolher qual rumo tomar. A tempestade ainda é forte - reconhece José Luciano Dias. (P.T.L.)