Título: Telemig fez 299 depósitos para a DNA
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 08/08/2005, País, p. A6
A CPI dos Correios encontrou 299 depósitos que a Telemig Celular - empresa do Grupo Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas - fez nas contas da DNA Propaganda, de Marcos Valério Fernandes de Souza, suposto repassador do mensalão. Nos próximos dias, a CPI deve aprovar requerimento para Dantas depor no Congresso. Só a Telemig repassou R$ 94,3 milhões para a DNA Propaganda nos últimos cinco anos. Juntas, Telemig, Amazônia Celular e Brasil Telecom transferiram R$ 145 milhões para as empresas de Valério nos últimos cinco anos. Os valores colocam Daniel Dantas como o maior depositante de recursos nas contas de Valério, conforme levantou a CPI.
Em 2003, o primeiro da administração do PT, a Telemig depositou R$ 16 milhões nas contas da DNA de Valério. Em 2004, foram R$ 15,5 milhões. Somente no primeiro semestre deste ano, a Telemig depositou R$ 13,2 milhões nas contas da DNA Propaganda.
O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) diz que as primeiras informações levantadas pela Receita Federal mostram que há uma ''desproporção'' entre os depósitos das telefônicas nas contas da DNA, se comparados às declarações do Imposto de Renda retido na fonte. Fruet diz que é preciso investigar o relacionamento de Dantas com Valério.
- O Marcos Valério é um catalizador de negócios e temos de investigar isso - afirma Fruet.
Alguns parlamentares da CPI desconfiam que os supostos empréstimos feitos por Marcos Valério para justificar a distribuição de dinheiro para os partidos políticos possam nem existir. Esta teria sido uma estratégia para justificar a origem de dinheiro que na verdade pode ter vindo de outras fontes, como, por exemplo, grandes grupos econômicos dispostos a defender interesses junto ao governo federal.
A disputa em torno das empresas de telefonia teria sido um dos motivos do desentendimento entre os ex-ministros da Casa Civil, José Dirceu, e da Comunicação, Luiz Gushiken. A pedido de Daniel Dantas, a empresa Kroll Associates espionou autoridades do governo, entre elas Gushiken e o ex-presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb Lima.