Título: Bando tinha sotaque carioca
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 09/08/2005, País, p. A5

FORTALEZA - Moradores e pessoas que trabalham perto da casa usada pelos ladrões como ponto de partida para o túnel que os levou ao cofre forte do Banco Central em Fortaleza contaram que eles tinham ''sotaque de fora'' do estado, possivelmente do Rio de Janeiro, e consideraram os bandidos bastante simpáticos.

Com medo de represálias, elas pediram para não ser identificadas. Entre as pessoas está o dono de uma pousada. Segundo ele, pelo menos oito homens frequentavam o local diariamente.

Outros vizinhos, porém, mencionaram somente dois, um moreno e um loiro. O possível líder do grupo, que se identificava como Paulo, era moreno, alto, magro, com uma barba rala. A Polícia Federal havia prometido revelar ainda ontem o retrato falado dos dois, mas até o início da noite, as imagens não haviam sido divulgadas.

Esses dois suspeitos eram os que mais freqüentavam bares e lanchonetes da região. Eles deixavam o carro num estacionamento em frente à casa e comiam em uma lanchonete, na esquina.

De acordo com a Polícia Federal, a casa foi alugada no fim de abril por meio de uma imobiliária, e o aluguel era pago em dia. Um dos delegados responsáveis pelas investigações, Francisco Bonfim, contou que o dono da casa já foi identificado, mas que por enquanto, nem seu nome nem o da imobiliária seriam revelados.

A fachada da casa tem uma pintura recente, verde, e o nome da empresa, Gramas Sintéticas, pintado no alto. Não há telefone anunciado.

Aos vizinhos, Paulo falava que estava montando uma empresa de paisagismo e que era realmente de fora do Ceará.

A região é repleta de pontos comerciais e casas antigas, como a alugada pelos ladrões. Como a maior parte das casas antigas, a casa usada para o assalto é bastante comprida e com quartos no subsolo. Com a prerrogativa de ser uma empresa de grama sintética, os sacos de terra do túnel eram retirados da casa sem lançar suspeita.

Os vizinhos disseram estranhar um pouco a movimentação na casa, mas não desconfiavam de que pudesse estar sendo tramado um assalto. (F.P.)