Título: Greve volta a ameaçar a UnB
Autor: Lorenna Rodrigues
Fonte: Jornal do Brasil, 10/08/2005, Brasília, p. D4

Associação dos professores marca assembléiO semestre letivo da Universidade de Brasília (UnB) começou na segunda-feira passada com o fantasma de uma nova greve rondando. A Associação dos Docentes da UnB (ADUnB) marcou para o dia 16 uma assembléia onde será decidido pela paralisação ou não dos professores. - O Sindicato Nacional dos Professores Universitários se reuniu em julho e decidiu que cada universidade fará assembléias para decidir se devemos entrar em greve. No dia 19, o sindicato se reunirá novamente e, dependendo do que for deliberado em cada assembléia, começaremos a greve - afirma Rodrigo Dantas, presidente da ADUnB.

A principal reivindicação dos professores é, mais uma vez, o reajuste de salários. Os docentes pedem um aumento emergencial de 18%, a criação de um calendário de reposição das perdas entre 1995 e 2004 que, segundo Dantas, representam 60% do salário, a incorporação da Gratificação de Estímulo à Docência (GED) aos salários, a paridade entre ativos e inativos entre outras reivindicações.

- Nos últimos 11 anos, tivemos quatro reajustes salariais, todos conquistados com paralisações. A categoria está acostumada a ter que fazer greve para conseguir o que quer - explica.

Dantas acredita que os professores estão mobilizados para a greve, principalmente pela desilusão com o governo Lula.

- Os professores votaram em massa no Lula e agora estão desapontados com todas essas denúncias de corrupção envolvendo o governo dele. Acredito que teremos uma greve do tamanho da de 2001 no sentido de adesão e de força política - assegura.

O secretário-executivo do Ministério da Educação, Jairo Jorge da Silva, afirmou que já há negociações em curso com um grupo de trabalho formado por entidades representativas ligadas ao ensino superior. As possibilidades com que o MEC trabalha contemplam três pontos: os planos de carreira, as titulações e as incorporações de gratificações.

Até o fim do setembro, conforme Jairo Jorge, deve estar consolidada uma proposta de aumento em 50% no percentual de titulação - o que representa impacto no orçamento de R$ 300 milhões. Impacto ainda maior teria a abrupta incorporação dos anos de gratificações que vêm se acumulando - o secretário quer estabelecer cronograma para estudar a melhor forma de fazer essas incorporações. A intenção do Ministério é debater essas questões e formalizar propostas nos próximos 60 dias.

- Não adianta fazer reforma sem valorizar os professores. Acredito que eles têm maturidade para continuar negociando - disse Jairo Jorge.

Estudantes - A possibilidade de mais uma greve dividiu os estudantes da UnB. Apesar de ter enfrentado duas greves durante o período em que está na UnB, Rodrigo Coimbra, do 8º semestre de Ciência da Computação, é a favor da paralisação.

- Uma greve nesse momento atrasaria a minha formatura em pelo menos um semestre, mas, ainda assim, defendo o direito dos professores de pararem. Eles ganham mal e essa é a única maneira do governo lhes ouvir - acredita.

Já Isabela Veiga, do 2º de Comunicação Social, contabiliza os prejuízos de uma paralisação.

- Uma greve é sempre ruim, atrasa o ano letivo e prejudica os alunos. Estou esperando as férias para visitar meus pais, que moram em outra cidade, e, se houver uma paralisação, não poderei vê-los - reclama.

a, acompanhando decisão nacional, mas paralisação começa a receber apoios