Título: Feira promete banquete literário
Autor: Bruno Arruda
Fonte: Jornal do Brasil, 10/08/2005, Brasília, p. D8

Dia 26 começa a 24ª edição da Feira do Livro com 89 expositores e publico estimado de 300 milpessoas

Vai chegando setembro e os bibliófilos da cidade começam a salivar. A Feira do Livro de Brasília está tão consolidada no calendário cultural da cidade que os livreiros chegam a sentir por antecipação os efeitos da vastidão do cardápio e das ofertas apetitosas disponíveis no evento. Como glutões preocupados com os excessos das festas de fim de ano, os brasilienses já começaram a dieta literária em preparação para as duas semanas de banquete, que este ano começam, conforme anunciado ontem, em 26 de agosto. - Tem uma queda significativa de vendas nas semanas que antecedem a Feira. As pessoas poupam para aguardar os descontos e lançamentos - constatou Antônio Carlos Navarro, diretor da LGE Editora e um dos três candidatos a patrono desta edição da Feira.

O simples ato de caminhar entre os 89 expositores em 3.400 m² de corredores que envolverão em livros o shopping Pátio Brasil será o bastante para muitos dos mais de 300 mil leitores esperados na 24ª edição da Feira. Conforme constatou pesquisa realizada durante a versão do evento em 2003, 47,3% dos visitantes sequer compraram livros.

Ainda assim, 99% dos pesquisados disseram que recomendariam o evento a conhecidos. Querem apenas compartilhar os eflúvios literários em suspensão, na presença de autores conhecidos, famosos e consagrados - este ano comparecerão o norueguês Jostein Gaarder (autor do best seller O Mundo de Sofia ) e os brasileiros Luís Fernando Veríssimo, Luiz Ruffato, David Combra, Affonso Romano Sant'Anna e Nelson Cruz, entre outros.

Além do Café Literário, que reunirá em papos informais leitores e autores, a Feira terá também um viés educativo. Serão eventos internos o 5º Seminário de Educação, voltado para professores e diretores do ensino fundamental, e o Seminário para Estudantes Universitários. Mas a vedete da 24ª edição é a inédita Feira Itinerante.

Feira ambulante - Conforme Íris Borges, presidente da Câmara do Livro de Brasília - que organiza o evento - 14 autores rumarão para escolas ou centros comunitários em cidades-satélite. Escolas escolhidas receberam 50 edições de um livro do autor que visitará a cidade em que se situa. Os estudantes poderão discutir a leitura com os próprios autores.

Também voltado para o estímulo precoce à leitura é o projeto Ler é Legal, da Secretaria de Educação. Ano passado, R$ 381 mil foram divididos entre professores e comissões de alunos de diversas escolas públicas, para que enriquecessem como quisessem as bibliotecas.

Este ano, a verba para esse fim será de R$ 700 mil. A esse incentivo público, somam-se os R$ 340 mil pagos pela Secretaria de Cultura para organização do evento. O valor cobre quase metade dos gastos totais - cerca de R$ 700 mil, conforme Íris.

- A cada ano a feira ganha em credibilidade. O objetivo é crescer não em tamanho, mas em qualidade: mais autores, estandes mais caprichados e outras melhorias - disse a presidente da Câmara do Livro.

Aconchego - Para os livreiros, a Feira é data especial. Conforme Lourenço Flores, dono da Esquina da Palavra, na 406 Norte e participante pela quarta vez, a intenção era apenas mostrar para o público que a livraria existe. Mas os ganhos comerciais também foram significativos: em 10 dias, conta Lourenço, é possível empatar o que se fatura em um mês normal.

No último ano a cidade recebeu duas grandes livrarias de peso - a Fnac e a Cultura. A entrada dessas redes em futuras edições da Feira não incomoda os pequenos livreiros locais.

- O perfil da Feira não muda com a presença delas. O espírito é sempre o mesmo: de calor e de troca, como nas livrarias pequenas - disse Lourenço a do Livro de Brasília com 89 expositores e público estimado de 300 mil pessoas