Título: Justiça dá prazo para fim da greve no INSS
Autor: Samantha Lima, Mariana Carneiro e Bruno Rosa
Fonte: Jornal do Brasil, 10/08/2005, Economia & Negócios, p. A17

Novo secretário admite que atendimento de postos é 'constrangedor'

A Justiça deu ultimato ontem a grevistas e União e determinou que a paralisação dos servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) seja encerrada em até 10 dias. O juiz da 9ª Vara da Justiça Federal em Brasília, Antonio Corrêa, exigiu que sejam adotadas medidas para normalizar o atendimento nos postos do instituto, cujos servidores estão em greve há mais de dois meses.

Caso não haja um acordo para acabar com a greve, a União e o INSS serão obrigados a pagar multa diária de R$ 100 mil.

As negociações entre os dois lados estavam suspensas desde 22 de julho, quando os grevistas rejeitaram a proposta feita pelo governo. À época, a União ofereceu pagar R$ 140 milhões em gratificações de produtividade a partir de 2006. Com a rejeição da proposta, o governo suspendeu as negociações e iniciou o corte de ponto.

Somente no Estado do Rio, mais da metade das agências do INSS estão fechadas ou funcionam parcialmente.

Entre as conseqüências da manutenção da greve por um período tão longo de tempo, está a queda de 54,5% na concessão de benefícios - de maio para julho. Em maio, foram concedidos 91.274 benefícios - 4.563 por dia útil. Em julho, foram concedidos 43.600 benefícios - 2.076 benefícios por dia útil.

A melhora do atendimento aos segurados e beneficiários da Previdência Social é o maior desafio do ministério hoje. Para o novo secretário-executivo do ministério, Carlos Eduardo Gabas, o serviço prestado atualmente é ''constrangedor'', e faltam ''informação'' e ''organização'' na prestação dos serviços aos aposentados e pensionistas.

- Os nossos serviços constrangem a sociedade. O nosso foco tem que ser o atendimento. O que me tira o sono ainda é a prestação de serviço, as filas, as péssimas condições com que atendemos o segurado - disse o secretário-executivo, durante discurso de posse ontem em Brasília.

Gabas admitiu ainda que isso acontece porque a estrutura em que os servidores trabalham é deficitária, o que gera estresse dos dois lados.

- Nós precisamos cuidar para que tenhamos cidadania do lado de lá e do lado de cá do balcão.

Para ele, a falta de estrutura e a baixa qualidade do atendimento aos servidores e beneficiários é fruto de equívocos de planejamento. No entanto, ele pediu que todos trabalhem juntos para que o objetivo do ministério, que é melhorar o atendimento, seja atingido.

Gabas substitui Levy Leite. Antes de ser secretário-executivo, ele era superintendente do INSS em São Paulo. Funcionário de carreira desde 1986, é formado em ciências contábeis e já foi diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência.