Título: Combustível em viés de alta
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Fonte: Jornal do Brasil, 11/08/2005, Economia & Negócios, p. A20

Governo admite necessidade de reajuste de preço EFE

BRASÍLIA - A secretária de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Maria das Graças Foster, reconheceu ontem que o preço do barril não deverá voltar ao patamar de US$ 40, e que, por isso, um reajuste de preços deverá ser necessário, mas ''no momento certo''. No dia em que o petróleo atingiu novo patamar, atingindo o pico de US$ 65, ela admitiu que as sucessivas altas na cotação da commodity no mercado externo já preocupam o governo, mas ressaltou que a política de preços dos combustíveis é uma atribuição da Petrobras.

- Se o barril não voltar a US$ 40, você tem de projetar a rentabilidade da Petrobras para frente e, no momento certo, para garantir os negócios nos patamares que ela julga adequados, deverá fazer o reajuste. Mas é uma política comercial da empresa - disse.

Os US$ 40 aos quais a secretária se refere correspondem à cotação do petróleo em novembro de 2004, quando a estatal anunciou o último reajuste de preços nos combustíveis.

Para a secretária, as cotações registradas nos últimos 15 dias atingiram números ''pouco imaginados'', mas, segundo ela, pelo nervosismo do mercado ainda não haveria a definição de um novo patamar de preços como base do reajuste. Foster disse que, a Petrobras acompanha diariamente a evolução da cotação e que ''há algum conforto em manter os preços''. A secretária participou ontem de audiência pública na Câmara dos Deputados sobre as conseqüências da crise da Bolívia para os interesses do Brasil na área de petróleo e gás.

Ontem, o petróleo continuou sua trajetória de avanço e atingiu a marca dos US$ 65, com a divulgação da queda no estoque de gasolina nos EUA, aliada aos problemas de produção enfrentados pelas refinarias no país.

No fim do dia, o barril para entrega em setembro fechou o dia, em Nova York, cotado a US$ 64,90, alta de 2,9%.

No horizonte também estão as tensões no Oriente Médio, com o temor de atentados a representações diplomáticas dos EUA em cidades da Arábia Saudita e com a retomada das atividades nucleares no Irã, contrariando a oposição da União Européia. O temor de novos furacões no Golfo do México - que podem interferir na produção das refinarias da região - também vêm preocupando os investidores. No ano passado, o furacão Ivan forçou o fechamento de diversas refinarias e a parada de produção em plataformas, o que fez disparar o preço do petróleo - que, em outubro, chegou a US$ 55,67.