Título: Roriz permite a camelôs ocuparem a Rodoviária
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 11/08/2005, Brasília, p. D3

Mas adverte que não dará apoio se houver desorganização e promete construir o shopping popular

Os camelôs da passarela da Rodoviária do Plano Piloto conseguiram arrancar ontem, da boca do governador Joaquim Roriz, a promessa de que poderão permanecer na plataforma até que o shopping popular do Plano Piloto - ainda sem data definida para conclusão das obras - seja inaugurado. A declaração foi dada ao grupo de ambulantes da Associação dos Camelôs do Calçadão da Plataforma da Rodoviária do Plano Piloto (Ascadão) do palanque, durante inauguração de uma ponte que liga os bairros Arapoanga e Vila Vicentina, em Planaltina. Logo pela manhã, os 130 ambulantes foram impedidos de trabalhar entre o Conjunto Nacional e o Conic por fiscais da Secretaria de Fiscalização de Atividades Urbanas (Sefau). No entanto, mesmo com a autorização verbal de Roriz, até o fim da tarde de ontem os vendedores não haviam retornado aos postos.

- Vou chamar o secretário [de Fiscalização]para não retirar vocês de lá até a construção. Fiquei sabendo que chegou a um ponto que estava difícil até transitar na rodoviária. Tem que ter ordem, senão eu não dou apoio. Este é um assunto encerrado, vocês podem ficar tranquilos - afirmou Roriz, ovacionado pelas dezenas de manifestantes, que levantavam crachás do Ascadão e faixas de protesto.

A ordem para impedir a ocupação partiu da Administração de Brasília. O administrador Clayton Aguiar afirma que a ocupação caótica dos ambulantes obriga os pedestres a atravessar a passarela pela rua.

- O problema não é a permanência deles, mas a obstrução total da área. Como administrador tenho que tomar esta posição, mesmo que pareça antipática. Mas estamos dispostos a conversar, desde que alguém assuma a responsabilidade sobre a ocupação. Sabemos da questão social, mas não vou permitir o caos - enfatizou Clayton.

Ele afirma que apenas os cerca de 1,2 mil ambulantes do antigo Gran Circular e do Setor Comercial Sul estão autorizados a permanecer nas áreas. A Lei 707/2005, de autoria do deputado José Edmar (Prona), autoriza a permanência dos camelôs no calçadão até a construção do shopping, que ficará ao lado da Rodoferroviária. Ainda sem a devida regulamentação, porém, é como se a lei não existisse. De acordo com Alexandre Gomes, assessor da Procuradoria Geral do Tribunal de Justiça do DF, o governo pode não cumpri-la por ser ''flagrantemente'' inconstitucional.

- A proposta foi feita por parlamentares e a matéria é de competência do Executivo - explicou Alexandre.

Apesar da declaração de Roriz, de acordo com o porta-voz Paulo Fona a questão ainda não está fechada. Para permanecer trabalhando por lá, os camelôs terão um encontro com a Sefau para definir a forma de ocupação.

Em um evento marcado por uma série de protestos dos moradores dos bairros de Planaltina, que pediam escolas, segurança e a reativação do posto de saúde de Buritis 3, Roriz e sua equipe inauguraram a ponte e assinaram a ordem de serviço que dá início a obras de pavimentação em toda a região. Ao todo serão aplicados R$ 12,3 milhões na região.