Título: Ibama reprime tráfico de animais
Autor: Adriana Bernardes
Fonte: Jornal do Brasil, 11/08/2005, Brasília, p. D8

Equipe consegue apreender peles de mamíferos protegidos e quadros com insetos, mas falta pessoal para ampliar repressão

No primeiro semestre deste ano a diretoria regional do Ibama apreendeu mais de 6 mil quadros e molduras com borboletas; três casacos de pele de raposa; quatro rabos de raposa transformados em echarpes, além de couro de uma jaguatirica e de uma onça pintada. Um balanço que poderia ser bem maior caso o órgão contasse com estrutura suficiente para fiscalizar esse tipo de crime. Atualmente o déficit de pessoal é de 50% e não deve ser resolvido enquanto os aprovados no último concurso forem chamados. A previsão, segundo o diretor regional do instituto, Francisco Palhares, é que devem ser preenchidas apenas 10 ou 12 vagas, restando um déficit de pelo menos 40 pessoas com formação em curso superior.

Meio Ambiente - O que agrava ainda mais a situação é o fato de que o Ibama não coíbe apenas o tráfico de animais silvestres e os sub-produtos deles (casacos, brincos). Cabe também à regional, monitorar e conceder licenças ambientais em toda a região da APA do Planalto Central, que corresponde a 70% do território do DF.

- É humanamente impossível conseguir atacar em todas as frentes com a estrutura que temos hoje - admite Palhares.

Aeroporto - A falta de pessoal é um dos motivos pelo qual não existe hoje, no Aeroporto Internacional de Brasília, um posto permanente de fiscalização do Ibama. O outro, está prestes a ser resolvido.

-O local que a Infraero tinha disponibilizado para nós fica muito próximo à pista de pouso e decolagem e, por isso, é extremamente barulhento. Mas já estamos negociando um novo local - informa. A intenção é atuar nos embarques e desembarques para coibir o contrabando.

Há um ano, por exemplo, um passageiro do Espírito Santo tentou embarcar com um Galo da Serra típico da Amazônia. Só foi preso porque fiscais do Ibama daquele estado acionou a regional do DF falando da suspeita.

- Não temos condições de desencadear grandes operações com a frequência que gostaríamos. Mas nunca deixamos de agir. Uma grande contribuição da sociedade tem sido as denúncias anônimas, como aconteceu com a apreensão de casacos de pele nos shoppings e boutiques do DF- cita Palhares.

Tartarugas - Atualmente a venda de quelônios, em geral tartaruguinhas exóticas importadas dos Estados Unidos tem sido um problema no Distrito Federal.

Segundo Palhares as pessoas se cansam dos bichinhos e soltam no Lago Paranoá o córregos da região.

- Quando elas se adaptam têm um elevado poder de predação e não conhecemos as consequências do retrocruzamento com outras espécies - alerta.

Por semana, o Ibama tem apreendido entre 10 a 15 quelônios. Parte deles são entregues à Embaixada dos Estados Unidos para que seja repatriada. A outra, serve de pesquisa nas universidades ou são sacrificadas.