Título: Dirceu, Benedita e casal Garotinho na CPI
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 12/08/2005, País, p. A8

Os integrantes da CPI dos Bingos aprovaram nesta quinta-feira os requerimentos de convocação do deputado federal José Dirceu (PT-SP), da ex-governadora do Rio de Janeiro, Benedita da Silva, e da ex-deputada federal e radialista Cidinha Campos. Eles também aprovaram a convocação do secretário de Governo e Coordenação do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, e da governadora do Estado, Rosinha Matheus. As datas dos depoimentos não foram marcadas. Ontem , o ex-assessor da Casa Civil da Presidência da República, Waldomiro Diniz, prestou depoimento na CPI dos Bingos e negou as acusações de extorsão que lhe são feitas. Segundo Diniz, não foi ele quem achacou o empresário do ramo de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

¿ Ao contrário. Ele mente, mente e mente de novo quando diz que eu o achaquei. Foi ele quem me achacou. Ele não queria cumprir o contrato fechado com a Loterj. Queria apenas explorar a vídeo-loteria. Isto eu não pude deixar. A partir do dia que eu disse que ele tinha que cumprir o contrato com a Loterj, nunca mais tive paz.

Diniz, no entanto, confirma a veracidade da fita gravada por Carlinhos Cachoeira, na qual o ex-presidente da Loterj é flagrado pedindo propina no valor de 1% do contrato entre Cahoeira e a loteria estadual.

O ex-assessor também pediu a Cachoeira dinheiro para as campanhas eleitorais da então governadora Benedita da Silva, do candidato do PT ao governo do Distrito Federal, Geraldo Magela, e da atual governadora do Rio, Rosinha Matheus. Todos negam ter recebido os recursos.

A CPI dos Bingos investiga o envolvimento de Diniz com casas de bingos. Além da tentativa de extorsão, as denúncias apontaram para uma tentativa de intermediação, na Caixa Econômica Federal, para a renovação do contrato com a Gtech, empresa multinacional detentora da concessão para a exploração das loterias do banco.

Ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, Diniz caiu após a divulgação da fita gravada por Cachoeira.

Diniz afirmou ainda que nunca havia ouvido falar do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza até o momento em que estourou o escândalo do mensalão. Segundo Diniz, não era ele, mas sim o então assessor da Casa Civil Marcelo Sereno quem negociava com o Silvio Pereira ¿ na época, ainda secretário-geral do PT ¿ as contratações para cargos de confiança do governo.