Título: Waldomiro repete acusação a Magela
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 12/08/2005, Brasília, p. D3

O ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz confirmou ontem, durante depoimento na CPI dos Bingos, no Congresso Nacional, que repassou R$ 100 mil de doação do empresário do ramo de jogos, Carlos Augusto Ramos Carlinhos Cachoeira, para a campanha do candidato petista ao GDF em 2002, Geraldo Magela. Ao ser questionado pelos parlamentares sobre o repasse, Diniz disse que ''confirma e reitera'' a afirmação que havia feito em fevereiro no ano passado, quando as denúncias vieram à tona. Acusado de extorsão por Cachoeira, Diniz, que era presidente da Loterj, aparece em uma fita gravada pelo bicheiro pedindo propina. Durante depoimento, Waldomiro disse que a oferta de R$ 100 mil foi feita pelo próprio Cachoeira, que o teria procurado e perguntado se Magela teria condições de vencer as eleições de 2002. Diante da resposta positiva, teria dito que gostaria de ajudar em sua campanha.

- O Magela mandou que ele procurasse o Paulinho [Paulo Waisros, assessor financeiro da campanha petista], que aceitou o dinheiro - afirmou Waldomiro.

A doação foi negada por Carlinhos Cachoeira em depoimento à CPI dos Bingos no dia 13 de julho. Ele confirmou, porém, repasses para as campanhas do governo do Rio de Janeiro, tanto para a atual governadora Rosinha Matheus, que na época era do PSB, e de sua adversária do PT Benedita da Silva, ex-governadora.

Com o intuito de confrontar as duas versões, os integrantes da CPI aprovaram ontem uma acareação entre Waldomiro e Cachoeira. Também foram aprovados requerimentos para convocação de Benedita, Rosinha e Magela, além do ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, da ex-deputada federal e radialista Cidinha Campos e do secretário do Estado do Rio, Anthony Garotinho.

Geraldo Magela negou veementemente as acusações de Waldomiro e disse que ''a única verdade'' dita pelo ex-assessor em seu depoimento foi com relação ao processo ao qual ele responde na Justiça, movido pelo petista, por calúnia e difamação. O presidente do Banco Popular do Brasil vê na convocação à CPI a primeira oportunidade de se defender desde que o escândalo veio à tona.

- Vou dizer por que acho que ele me envolveu nessas denúncias lá na CPI, Vou desmontar essa farsa - disse Magela ao JB, sem querer antecipar seu depoimento.

Magela garante que nunca recebeu qualquer quantia em dinheiro vinda de pessoas relacionadas a Waldomiro ou ao bicheiro Cachoeira. E afirma estranhar que apenas os nomes de Benedita e Rosinha, cujos repasses são negados por Diniz, apareçam nas filmagens do bicheiro, e a suposta doação feita à sua campanha não seja mencionada na gravação.

Ele diz ainda, sempre por meio da nota, que o ex-assessor ''não tem provas nem testemunhas de ter repassado qualquer valor para a coordenação da candidatura''. Esse é seu principal argumento.

A CPI dos Bingos investiga o envolvimento de Waldomiro Diniz com casas de bingos. Além da tentativa de extorsão, ele responde a denúncias de tentativa de intermediação, junto à Caixa Econômica Federal, para a renovação do contrato com a empresa Gtech, multinacional detentora da concessão para a exploração das loterias do banco. Ontem Diniz negou que tenha qualquer relação com a Gtech.