Título: PT decide futuro de envolvidos em saques
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Fonte: Jornal do Brasil, 16/08/2005, País, p. A7

A Executiva Nacional do PT se reúne hoje em Brasília, para definir o futuro dos parlamentares do partido citados no escândalo do mensalão. Integrantes de correntes da esquerda petista pedirão, de novo, a abertura de processo na Comissão de Ética para os envolvidos. Segundo dirigentes do Campo Majoritário, que controla a legenda, a tendência é que os deputados ligados a saques das contas de Marcos Valério passem a ser alvo da comissão. O caso do ex-chefe da Casa Civil José Dirceu, que mantém forte influência no partido, também deve ser submetido a apuração interna.

A proposta de inclusão dos deputados envolvidos no escândalo na Comissão de Ética e seu afastamento das atividades de bancada já havia sido apresentada pelas correntes de esquerda na reunião do Diretório Nacional do partido realizada no fim de semana retrasado, mas pedido acabou rejeitado. Agora, sob o impacto do depoimento do publicitário Duda Mendonça à CPI dos Correios, a tendência, segundo dirigentes, é que os novos pedidos sejam aceitos.

Ontem, líderes de partido resolveram agir a fim de impedir que o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) leve adiante a idéia de abandonar o cargo de líder do governo no Senado. Na última sexta-feira, Mercadante telefonou ao presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), para avisar que estava pensando em renunciar à função. Causou preocupação tantos nas hostes governistas quanto na oposição.

Ambos os lados consideram Mercadante qualificado para o cargo e o único parlamentar capaz de reconstruir, nas atuais circunstâncias, uma ponte entre o Planalto e a oposição, visando à aprovação de uma agenda mínima.

Hoje, o petista receberá das mãos de parlamentares uma carta na qual pedem a ele que não abandone a liderança do governo no Senado. O texto foi redigido pelo líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB). Prega que a ''gravidade do momento justifica o sacrifício pessoal'' de Mercadante.

- Estamos certos de que a sua biografia, o reconhecido talento político, a integridade, o espírito democrático, a credibilidade traduzida no trânsito fácil junto às demais bancadas e, acima de tudo, a sua honra pessoal, serão atributos irrenunciáveis para a superação do impasse que ameaça imobilizar o Congresso e as forças políticas, o que não podemos admitir - diz um trecho da carta.

Além de Suassuna, o líder da minoria, José Jorge (PFL-PE), assinou a carta . O líder do PT, Delcidio Amaral (MS), subscreverá a carta hoje, quando chegar a Brasília. Apesar de apoiar a permanência de Mercadante, o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), se recusou a participar da campanha.

- Isso é um problema do governo - disse.

Semana passada, Mercadante aventou a possibilidade de deixar o PT, após se dizer frustrado com as denúncias que assolam o partido.