Título: Auto-suficiência chega mais cedo
Autor: Sabrina Lorenzi
Fonte: Jornal do Brasil, 16/08/2005, Economia & Negócios, p. A19
O Brasil conquistou, antes do esperado, auto-suficiência na produção de combustíveis. A Petrobras começou a colher no primeiro semestre os investimentos de R$ 2,8 bilhões na adaptação das refinarias ao óleo nacional, mais pesado. A importação de combustíveis caiu à metade, de 132 mil de barris por dia no final do ano passado para 65 mil barris de barris diários nos seis primeiros meses de 2005.
- Progredimos muito rápido, exportando mais e importando menos. Sem dúvida, é uma tendência que deverá se repetir daqui para frente, ao contrário do que ocorreu em 2003, quando vivemos uma situação atípica, de queda no consumo - afirma o diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, referindo-se ao fato de a estatal ter sido superavitária há dois anos, graças ao desaquecimento da economia.
Este ano, ao contrário, o consumo de combustíveis cresceu 3%. Historicamente dependente do mercado externo, a Petrobras conseguiu saldo comercial de US$ 900 milhões. A companhia exportou, no segundo trimestre, US$ 2,2 bilhões em petróleo e derivados contra importações de US$ 1,3 bilhão. O crescente uso do gás natural combustível também ajudou no resultado.
O processo de substituição de importações continua, com a meta de expandir a capacidade de produção de óleo pesado de pelo menos uma refinaria a cada ano. Em 2004, a Replan passou a usar 70% de óleo nacional para produzir combustíveis, percentual que era de 30% antes da modernização. Para este ano, a expectativa é aumentar de 130 mil barris para 190 mil barris a produção de derivados da Refap a partir do aproveitamento maior de óleo nacional, da ordem de 65%.
No primeiro semestre, a Petrobras elevou de 76% para 80% a utilização de petróleo nacional, em média, em todas as refinarias. A unidade de Paulínia começa a recuperar o patamar perdido com paradas de manutenção, em fevereiro. Em junho, elevou em quase 10% a produção, para 10,5 milhões de barris de combustíveis.
O Brasil já é exportador de gasolina e, nos últimos dois anos, conseguiu derrubar de 30% para 20% a participação de diesel importado no mercado. O GLP também sofreu drástica redução na importação e o país praticamente já não compra mais o combustível do exterior. Costa atribuiu a reviravolta ao aumento do consumo de gás natural.
A conseqüência mais imediata deste processo de adaptação das refinarias é a queda na importação de diesel e da exportação de petróleo pesado. Como não foram feitos investimentos em ampliação de capacidade - o plano estratégico prevê uma nova refinaria para a expansão do setor -, o acréscimo da produção de combustíveis é atribuído à adaptação das refinarias brasileiras ao óleo pesado.
- Adicionalmente, a Petrobras está ajustando o perfil de produção de derivados, como o óleo combustível, que tem mercado declinante - revela uma fonte da área de Abastecimento da Petrobras.
A auto-suficiência em petróleo deve chegar até dezembro.