Título: Magela deixa banco para se candidatar
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 16/08/2005, Brasília, p. D3

O ex-deputado Geraldo Magela está em contagem regressiva para deixar a presidência do Banco Popular do Brasil, subsidiária do Banco do Brasil voltada para a população de baixa renda. Há apenas 120 dias à frente da instituição, o petista sairá do cargo até o final deste mês, segundo ele, atendendo ao pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que todos dirigentes de estatais que pretendem se candidatar em 2006 deixem os cargos. Magela disputará as prévias do PT-DF no ano que vem, quando será escolhido o candidato da legenda ao GDF. De acordo com Magela, sua decisão está tomada desde o dia 1º, durante uma reunião com Lula. Na ocasião, o presidente da República teria reafirmado a importância de o PT ter candidato próprio ao Palácio do Buriti em 2006. Em conversas com o presidente do Banco do Brasil, Rossano Maranhão, Magela teria recebido o pedido para ficar até o final de agosto no posto.

Magela deixa o cargo em um momento em que Maranhão anunciou uma verdadeira devassa nas contas de marketing do Banco do Brasil depois que o ex-diretor de marketing Henrique Pizzolato, admitiu saques vultosos nas contas do publicitário Marcos Valério, apontado como operador do mensalão. Os cerca de 40 auditores devem concluir os trabalhos até o mês que vem. O orçamento de 2005 para o marketing do BB é de R$ 140 milhões; R$ 100 milhões já foram gastos. Outros 14 auditores estão averiguando as denúncias de corrupção em contratos da Cobra Tecnologia. No BPB, dez auditores investigam o uso indevido de cadastros de redes varejistas para inflar resultados de sua carteira de clientes.

De olho no cargo de governador do DF, Magela afirma que adiou as articulações em cima de sua possível candidatura ao GDF para o a no que vem. E que sua ''gestão técnica'' tomou-lhe muito tempo para trabalhar os apoios, o que pretende retomar agora.

- Não tenho aparecido em atividades políticas, nem tenho como fazer política daqui - disse o candidato, derrotado por Joaquim Roriz em 2002.

Acusado de ter recebido R$ 100 mil do Carlinhos Cachoeira, empresário do ramo de jogos eletrônicos, em forma de caixa 2 durante sua campanha, Magela será ouvido nos próximos dias na CPI dos Bingos, instalada na Câmara para investigar esquemas de corrupção entre o ex-presidente da Loterj Waldomiro Diniz, ex-assessor da Casa CIvil, e o bicheiro.

A indicação de Magela ao BPB vinha sendo articulada pelo Ministro da Fazenda, Antônio Palocci, desde o ano passado. No entanto, com o adiamento da então reforma ministerial a nomeação do bancário também foi postergada. A expectativa era de que ele ficasse até abril, prazo para desincompatibilização dos candidatos.