Título: Chico Vigilante tenta chapa única para o PT
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Fonte: Jornal do Brasil, 16/08/2005, Brasília, p. D3

O deputado distrital Chico Vigilante, candidato da Articulação Unidade na Luta à presidência do PT-DF, afirma que está trabalhando para conseguir a adesão dos companheiros das correntes de esquerda na construção de uma chapa única. A idéia havia sido rechaçada pelo próprio Vigilante na semana passada, antes de ser escolhido para substituir Raimundo Júnior, atual vice-presidente regional, na disputa. Agora, porém, ele acredita que compor a Executiva com integrantes das alas adversárias internas e grandes representantes sociais pode ser um bom passo para chamada ''reconstrução do PT''. A costura do acordo, no entanto, não deverá passar pela negociação do nome à presidência. Em negociação semelhante travada por Júnior há algumas semanas logo foi descartada pelos esquerdistas, que pretendem emplacar nome próprio.

- O momento exige sacrifícios de todos nós, temos que relevar as diferenças - afirma Vigilante, contando que pediu à deputada Érika Kokay, líder do PT na Câmara Legislativa, que marcasse um encontro ''urgente'' entre a bancada e o presidente nacional Tarso Genro. A idéia é reavaliar os rumos do PT-DF.

- Acreditamos que neste momento há uma grande necessidade de renovação - afirma a deputada distrital Arlete Sampaio, da Construção: Socialismo e Democracia , de esquerda.

A candidatura de Raimundo Júnior ficou comprometida depois que ele apareceu na lista de sacadores das contas do publicitário Marcos Valério, apontado como operador do mensalão. Júnior sacou R$ 100 mil, segundo ele, a pedido do então tesoureiro nacional Delúbio Soares, a quem afirma ter repassado o montante.

Sete chapas estão inscritas no Processo de Eleições Diretas (PED), que acontecerá no dia 18 de setembro. A disputa acirrada é aguardada entre Chico Machado, que agrega apoio de toda a esquerda, e Vigilante, cuja candidatura é abraçada pela Articulação e outras correntes importantes, como o Movimento PT, do presidente do Banco Popular do Brasil, Geraldo Magela. Se por uma lado as esquerdas responsabilizam o chamado Campo Majoritário pela forte crise vivida hoje pela legenda, os representante majoritários querem tomar a mesma bandeira em nome de uma reforma ética e moral na legenda. Vigilante, por exemplo, hasteou como bandeira a reaproximação com movimentos sociais e sindicatos, aos quais sempre teve ligações na vida política.

Apesar de contar com o apoio de Magela, Vigilante garante que uma eventual vitória no PED estará descolada da pré-candidatura do ex-deputado ao GDF. E afirma que trabalhará para que ninguém mais deixe a legenda.