Título: Crise complica cenário político do Rio
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 14/08/2005, País, p. A8
Se a crise política acirrou de forma irreversível a disputa presidencial de 2006, no Rio colocou os pré-candidatos em compasso de espera. Pouco mais de um ano antes do pleito, pelo menos cinco nomes são considerados fortes para ocupar o Palácio Guanabara a partir de 2007, mas todos aguardam maior definição do cenário nacional, que deve afetar decisivamente a corrida eleitoral.
A lista de favoritos tem hoje os senadores Marcelo Crivella (PL) e Sérgio Cabral Filho (PMDB), a deputada federal Denise Frossard (PPS), o ex-líder estudantil e ex-deputado federal Vladimir Palmeira (PT), e o prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL).
Deles, o único que refuta o papel de candidato é Cesar, que até o momento tenta se apresentar como pré-candidato à Presidência. Apesar disso, ele é tido como favorito pela pesquisa do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS), com 14,4% dos votos na manifestação espontânea dos eleitores. O próprio prefeito reconhece a condição de favorito, mas, perguntado sobre a candidatura ao Estado, desconversa:
- Neste momento e com os nomes conhecidos, eu seria favorito. Mas, não pensei nisso - garante o pefelista.
Dos que assumem a posição de candidato, o senador Sérgio Cabral Filho é tido como favorito. Apesar disso, tem se mantido em absoluto silêncio em meio à crise política de Brasília. Segundo Geraldo Pudim (PMDB), candidato derrotado à Prefeitura de Campos e um dos coordenadores da campanha de Sérgio Cabral, o senador está fazendo reuniões sistemáticas em prefeituras do interior do Estado. O intuito é conquistar o eleitorado do interior, fiel ao PMDB e ao casal Garotinho, que no ano passado elegeu os mandatários de 41 dos 92 municípios do Estado.
Ao contrário de Cabral, o também senador Marcelo Crivella (PL) baseia sua candidatura num eleitorado cativo, formado basicamente pelas camadas de baixo poder aquisitivo e pelos fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus, da qual é bispo e um dos dirigentes.
Apesar de ficar entre os primeiros colocados nas pesquisas, o alto índice de rejeição do senador, que foi derrotado no ano passado à Prefeitura do Rio, faz com que os adversários o vejam como um ponto de desequilíbrio, mas sem chances de vitória.
Apesar de todas as candidaturas terem sido abafadas com a crise do mensalão, nenhuma foi tão afetada quanto a do petista Vladimir Palmeira. Ligado às alas da esquerda do PT, o ex-líder estudantil viu seu partido ruir em pouco mais de três meses. Agora, tenta juntar os cacos. Para isso, tem ligado para parlamentares do Rio, tentando se interar sobre a viabilidade de sua candidatura.
Se antes o problema era uma possível intervenção da cúpula do partido que levasse a imposição do apoio a uma legenda aliada, agora o dilema é conseguir se sustentar em um partido que perdeu a credibilidade. Apoiado pela esquerda petista, Vladimir ainda pode enfrentar uma dissidência em massa, dependendo do resultado da eleição da direção nacional do PT.
A possível candidatura do ministro Ciro Gomes, que derrubaria a chapa de Vladimir, está, por enquanto, suspensa. Isso porque até o momento o ministro não transferiu o título e durante a reforma ministerial, quando Lula avisou que os que ficassem na Esplanada não concorreriam em 2006, Ciro optou por continuar na pasta da Integração Nacional.
A candidatura da deputada federal Denise Frossard (PPS), ganhou força depois das aparições dela nas sessões da CPI dos Correios. Com amplo apoio na Zona Sul, Frossard sofre, no entanto, com o pequeno espaço de televisão de seu partido.
Está em curso uma negociação para que ela volte ao PSDB, pelo qual se elegeu em 2002. Apesar do presidente regional da legenda, deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha, negar a ida dela, ele reconhece a necessidade de o partido conseguir um nome forte para reforçar a legenda em 2006, quando o PSDB tende a ser favorito à Presidência da República.