Título: Pesquisa registra descrença nos políticos
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 14/08/2005, País, p. A8

A crise política vem deixando perplexa e decepcionada a população brasileira, à medida que revelações bombásticas vão surgindo a cada dia, com novas confissões e suspeitas. Por isso, entre os mais representativos dados obtidos pela pesquisa eleitoral JB/IBPS (Instituto Brasileiro de Pesquisa Social) realizada exclusivamente no Estado do Rio está o que expressa a descrença dos eleitores no próprio processo político: a taxa de recusa em participar das entrevistas foi de 76%, entre as pessoas contactadas. Das 1130 pessoas ouvidas em todo o Estado, nos dias 29 de julho e 9 de agosto, 22% votariam para presidente em Luiz Inácio Lula da Silva. O dado mais significativo sobre Lula, no entanto, é que o presidente obteve 40,2% dos votos no primeiro turno da eleição de 2002, no Estado do Rio:

- Vemos que o capital político do presidente hoje é quase metade do de 2002, o que mostra o esgotamento da candidatura Lula no Estado - observa o cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, presidente do IBPS.

A pesquisa estimulada com prováveis candidatos a presidente coloca em segundo lugar o ex-governador Anthony Garotinho, com 13,6%, vindo logo depois Cesar Maia (10,3%), José Serra (9,6%) e Heloísa Helena (6%).

A pesquisa do IBPS - registrada no Tribunal Regional Eleitoral - colocou no mesmo cenário os demais prováveis postulantes do PSDB: Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alckmin e Aécio Neves. Juntos, os três alcançam 19,3%, mostrando um equlíbrio de forças entre Lula e um eventual candidato tucano, no Estado.

Um outro dado evidencia esta tendência: numa simulação de segundo turno entre Lula e José Serra, há um empate técnico. Lula tem 36,4% e Serra 35,5%. A margem de erro visada pela pesquisa IBPS/JB é de 3%.

Geraldo Tadeu Monteiro destaca a votação da senadora Heloísa Helena.

- Ela tem 6% no Estado e 6,9% na capital. Na Zona Sul do município atinge surpreendentes 11,9% e perde apenas para Lula - comenta o presidente do IBPS.

No item rejeição, Anthony Garotinho se destaca, com 25,4%, seguido por Fernando Henrique Cardoso (17,9%) e Lula (17,3%). Os demais candidatos apresentam baixos índices.

A pesquisa também avaliou a popularidade do governo Lula no Estado: 33,1% dos fluminenses consideram a administração petista ruim ou muito ruim; 40,9% afirmam que é regular e 23% avaliaram como boa ou muito boa.

Na corrida sucessória estadual, a pesquisa IBPS/JB listou apenas os candidatos auto-declarados ou listados pela mídia. Na votação estimulada, o senador Sérgio Cabral (PMDB) lidera com 26,6% das intenções de voto, seguido pelo também senador Marcelo Crivella, com 18,4%. Depois aparece a deputada Denise Frossard (PSDB) com 16,6%, com votação concentrada quase que exclusivamente na capital e sobretudo na Zona Sul, onde lidera a corrida.

Geraldo Tadeu chama a atenção para os altos percentuais obtidos pelo prefeito Cesar Maia, se for considerado apenas o voto espontâneo, abrindo a lista com 14,4% em todo o Estado e 21,8% na capital.

- Isso provavelmente o colocaria na liderança caso fosse candidato declarado.

O especialista observa também que além da vantagem em percentual de votos, Sérgio Cabral apresenta um outro fator favorável em relação a Marcelo Crivella.

- Cabral tem um baixo índice de rejeição, de 8,2%, enquanto contra Crivela pesa um percentual de 31%, sem paralelo em relação aos demais candidatos.