Título: Um ''voto de confiança'' no governo
Autor: Romoaldo de Souza
Fonte: Jornal do Brasil, 29/10/2004, País, p. A-4
Presidente da CNT justifica retenção de verba e aposta que Lula investirá em rodovias ano que vem O presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Clésio Andrade, deu ontem um ''voto de confiança e de esperança'' ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na expectativa de que o governo priorize investimentos na recuperação da malha rodoviária brasileira.
Segundo Clésio Andrade, Lula garantiu que, no ano que vem, serão estabelecidas só prioridades que o governo tenha condições de pôr em prática. Entre elas, o presidente teria escolhido a necessidade de investimentos em infra-estrutura para modernização dos portos e aeroportos, ampliação das hidrovias e do setor rodoviário.
Para tanto, Lula disse contar com ''o empenho do Congresso'' para que ''ainda este ano'' o projeto que permite ao governo fazer parcerias com a iniciativa privada, as chamadas PPPs.
Sobre a falta de investimentos para recuperar as rodovias, Clésio Andrade disse que no início do governo, Lula teve de dar prioridade às exigências da equipe econômica, obrigada a reter recursos que no Orçamento tinham sido destinados à recuperação da malha viária para ''corrigir os rumos do país''.
- O governo quis mostrar à comunidade internacional que, apesar das fragilidades, era necessário optar por cumprir os contratos - ponderou Andrade.
Nos números revelados ontem pelo presidente ao representante do setor de transporte, consta que o governo planeja investir R$ 6 bilhões nas rodovias, valores que o presidente da CNT reconhece serem inferiores às demandas do setor, mas que serão ''um bom começo''.
Clésio Andrade (PL), que é também vice-governador de Minas Gerais, disse a Lula que o problema do setor rodoviário ''vem se agravando há mais de 15 anos'' e que não há como culpar o atual governo
Em abril, a CNT lançou a campanha Pró-Cide, destinada a ''pressionar o governo federal contra o contingenciamento de recursos'' da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, também conhecida como imposto da gasolina. O setor acusou o governo de ''desvio de finalidade'' da Cide. No ano passado, o governo arrecadou R$ 7,6 bilhões com a Cide e a expectativa é de que este ano arrecade R$ 8 bilhões.