Título: PCdoB ensaia cobrar a cabeça de chapa no DF
Autor: Bruno Arruda
Fonte: Jornal do Brasil, 14/08/2005, Brasília, p. D3

A crise por que passa o PT tem efeitos sobre toda a oposição ao governador Joaquim Roriz e pode transformar o xadrez político do Distrito Federal já em 2006. No vácuo do partido que tenta se explicar e se reorganizar, o lado vermelho da tradicional bipolarização na política local pode ser encabeçado, pela primeira vez, por outra legenda. Na reunião entre representantes do PT que apoiam o campo majoritário do partido à presidência do diretório local, realizada na manhã de sexta-feira, na casa do presidente do Banco Popular do Brasil e candidato ao Buriti em 2002, Geraldo Magela, a possível renúncia a candidatura petista nas próximas eleições para o Governo do Distrito Federal foi levantada por um petista graúdo. Ainda não desperta muitas simpatias entre os correligionários, mas abre brechas.

- Não vai haver, para a esquerda, saída boa dessa crise sem que o PT também ache seu próprio rumo. Diante disso, PCdoB vai atuar no DF no sentido de aglutinar as forças de esquerda e democráticas, para resistir à ofensivas conservadoras - disse Apolinário Rebelo, presidente do PCdoB-DF.

Apolinário vê no momento a possibilidade de reaglutinar a oposição ao bloco liderado por Joaquim Roriz. Para ele, as idéias vão se sobrepor aos nomes e o fundamental, no momento, é tecer um projeto de desenvolvimento para o DF e de integração com o Entorno que faça face aos projetos azuis. A partir de então, discutir um nome capaz de unificar as dispersas correntes da esquerda brasiliense. Dentro do partido, Agnelo Queiroz é considerado apto.

- O Agnelo tem peso, hoje, pelo papel que ele joga na política local e nacional. O Ministério dos Esportes praticamente não existia, ele o ergueu e tem boas realizações. Mas não vejo viabilidade em uma candidatura própria do PCdoB sem alianças e sem o apoio do PT - disse Renato Rabelo, presidente nacional do partido, já estendendo as mãos às esquerdas.

Ainda que reconheça a falta de robustez, o PCdoB vem se movimentando para se consolidar na capital. Hoje, são 1.600 filiados no DF e 14 diretórios nas cidades-satélites - ainda que haja representações em cada rincão da cidade, conforme Apolinário.

Um dos trunfos do partido é ter na facção jovem uma grande força: por meio da União da Juventude Socialista, o PCdoB respondeu por 63% dos delegados de Brasília no último congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE). Trata-se de uma base tradicional.

O empenho, agora, é em atrair para os quadros do partido líderes comunitários. A intenção é disputar as eleições para a Câmara Legislativa com uma chapa forte e de amplitude inédita.

- O PCdoB deve dar um grande salto nas próximas eleições - aposta Apolinário.