Título: Não faltam dinheiro ou policiais
Autor: Rodrigo Vasconcelos
Fonte: Jornal do Brasil, 14/08/2005, Brasília, p. D4

O Distrito Federal tem o quarto maior orçamento de segurança pública do País. Proporcionalmente tem também o maior número de policiais por habitante. É o que diz o especialista em segurança pública, Arthur Costa, professor do departamento de sociologia da Universidade de Brasília (UnB), responsável por um estudo que faz um mapa da violência no DF. - No Distrito Federal, para cada grupo de 100 habitantes, existe um policial. Em Nova York, cujo orçamento de segurança é muito maior, há um policial para cada grupo de 1.500 habitantes - disse o sociólogo, para quem nada justifica o índice de criminalidade que se verifica no Distrito Federal.

Os dados da pesquisa são referentes a 2000, mas Arthur Costa acredita que a realidade não mudou muito daquela época para hoje.

De acordo com o estudo, a taxa de homicídios em 2000 no Distrito Federal era de 35 para cada grupo de 100 mil habitantes. Uma taxa altíssima, maior que a de capitais como Belo Horizonte, Salvador, Porto Alegre e Curitiba, cujos números totais de habitantes são maiores que os do Distrito Federal.

Se essa taxa faz feio nacionalmente, o quadro é muito pior no plano internacional. Na capital mais violenta da Europa no ano de 2000, que foi Bruxelas, a taxa de homicídio para cada grupo de 100 mil habitantes foi de 3,6. Em Londres, uma cidade com cerca de sete milhões de habitantes, houve menos de um homicídio para cada 100 mil londrinos no mesmo ano, segundo Arthur Costa.

Perguntado sobre o que falta para resolver os problemas de segurança pública no Distrito Federal, o sociólogo disse que não sabe dizer o que falta, mas sim o que já existe e de sobra.

- Dinheiro não falta, policiais também não e são os mais bem pagos do País. Falta é uma definição de política pública para segurança que ataque as causas específicas de cada tipo de crime: homicídio, seqüestro, estupro, violência contra a mulher. Não dá para tratar todos esses crimes com uma política genérica de segurança pública - criticou o especialista.