Título: Começa a resistência em Gaza
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 15/08/2005, Internacional, p. A11

A prometida resistência de colonos judeus que devem sair dos assentamentos da Faixa de Gaza e da Cisjordânia provocou embates com os soldados israelenses na madrugada de hoje. Bandeiras de Israel foram queimadas e colonos chegaram a tentar bloquear a passagem dos carros militares, mas não houve nenhum registro de ferimentos graves ou mesmo de mortes.

O exército fechou as barreiras à meia-noite, quando centenas de judeus já tinham deixado os assentamentos espontaneamente. a partir de então, ninguém mais pode entrar a não ser militares, jornalistas e os motoristas dos caminhões de mudança. Nos acessos aos assentamentos, foram colocadas cancelas e placas, que avisavam em inglês e em hebraico que a permanência de judeus ali passava a ser ilegal. Apesar disso, haverá tolerância até a zero hora de quarta-feira, a chamada fase ''confraternidade''. A partir de então, quem insistir em ficar será retirado à força pelos cerca de 40 mil soldados destacados para a missão e terá que deixar para trás todos os seus pertences. ]Durante todo o dia, foi grande a movimentação de colonos que se mudaram espontaneamente, sem protesto. No fim do dia, no tentanto, os protestos foram se intensificando com a queima de bandeiras e até bloqueio de estradas numa tentativa de evitar a passagem dos carros militares.

A expectativa é a de que pelo menos metade dos 8,5 mil colonos resistam à saída, segundo informou o chefe do Exército, general Dan Halutz. São judeus que acreditam ter direito a ficar nos assentamentos e são radicalmente contra a o Plano de Desligamento proposto pelo primeiro-ministro Ariel Sharon. Junto a eles, estão radicais de oposição ao plano que se infiltraram nos assentamentos para incitar os descontentes.

Pouco depois do início da operação, um morteiro explodiu no assentamento de Kfar Darom, na Faixa de Gaza, mas não houve vítimas, segundo as autoridades. O Exército israelense respondeu disparando contra posições de milícias palestinas.

Foi em Kfar Darom que soldados encontraram cartazes colados nas portas das casas dos judeus com um recado hostil aos militares que participam da desocupação: ''Soldado, pare. No momento em que você bater nesta porta, se transformará em parte direta do pior crime em gerações contra a nação de Israel. Não seremos expulsos de nossas casas. Nunca seremos retirados daqui''.

Uma hora antes do início da retirada, aviões do Exército israelense causaram os sons das explosões escutadas no assentamento de Netzer Hazani, no sul da Faixa de Gaza, o que deixou em pânico quem ouviu. Mais tarde, as forças de segurança informaram que o som foi provocado por aviões do Exército israelense que haviam rompido a barreira do som enquanto sobrevoavam Gaza.

Antes do início oficial da retirada, oficiais israelenses e palestinos reuniram-se, ontem, na passagem fronteiriça de Erez, para acertar os últimos detalhes da operação. A reunião foi para decidir a participação das tropas israelenses e da Autoridade Nacional Palestina (ANP) na desocupação dos assentamentos,