Título: Greve do INSS prossegue no Rio
Autor: Mariana Carneiro e Samantha Lima
Fonte: Jornal do Brasil, 18/08/2005, Economia & Negócios, p. A20

A greve dos servidores do INSS continua no Estado do Rio de Janeiro, que amanhece hoje sem uma definição sobre o funcionamento das agências. Isso porque o sindicato regional não aceitou os termos do acordo fechado com o comando nacional de greve e decidiu manter a paralisação até a assembléia, na próxima sexta-feira. No estado, 47% das agências permaneceram ontem fechadas ou funcionando parcialmente. Mesmo nos estados onde o fim da greve já foi referendado pelas assembléias regionais, o atendimento foi complicado.

As filas se acumularam nas portas das agências desde a madrugada e, não raro, conflitos impediram o atendimento. Em Taguatinga, o posto foi fechado depois que uma briga provocou grande confusão.

- O governo vem tomando decisões que mostram um total desconhecimento do funcionamento do trabalho no INSS. Não houve interlocução. Eles anunciaram a abertura das agências às pressas, o que provocou toda essa confusão - avalia o diretor da Federação Nacional de Trabalhadores da Previdência, Trabalho, Saúde e Assistência Social (Fenasps), Moacir Lopes.

Informações do Ministério da Previdência Social davam conta de que não houve atendimento ontem nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul e que o funcionamento só seria restabelecido hoje. Piauí, Santa Catarina e Amapá só finalizaram as assembléias ontem e, portanto, também devem voltar ao trabalho hoje. A expectativa do ministério é de que o mesmo ocorra em Minas Gerais, Rondônia e São Paulo.

- Não é uma questão simplesmente de vontade de abrir o posto e atender à população. É questão de bom senso. E o INSS deve registrar problemas também nos próximos dias - afirmou Lopes.

O INSS orienta as pessoas que não estão nessas situações a não procurarem as agências nesta e nas próximas duas semanas, para que seja possível o atendimento dos casos mais urgentes. O benefício poderá ser concedido com data retroativa ao período da greve, desde que o segurado comprove ter alcançado as condições para seu requerimento enquanto as agências estiveram fechadas (desde 2 de junho).

O Sindicato dos Servidores da Previdência do Rio (Sindsprev-RJ) rechaçou o acordo nacional porque desaprova os termos acertados.

- Uma corrente ligada ao governo dentro dos sindicatos operou durante todo o tempo e colocou os grevistas contra a população. Os termos do acordo firmado já haviam sido rejeitados antes. No Rio, nós não concordamos com isso - afirmou a diretora do Sindsprev, Janira da Rocha. - Estamos indignados com o aparelhamento do governo dentro dos sindicatos, operando contra os servidores.

O sindicato regional não aceita a proposta de trabalho aos fins de semana para compensar o tempo parado e exige a devolução integral dos salários de julho. O governo havia cortado o ponto dos funcionários naquele mês e ainda não definiu como pagará os servidores.

Mesmo assim, os grevistas admitem que será difícil resistir isoladamente e prevêem volta ao trabalho na próxima segunda-feira.

- Voltaremos ao trabalho, porém com dignidade. Não assinaremos o acordo e não vamos apoiar o comando - disse.