Título: Manifestantes pró-Lula ocupam a Esplanada
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 17/08/2005, País, p. A2

CUT, UNE e MST preservam o presidente, mas atacam política econômica

BRASÍLIA - A manifestação contrária ao impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu ontem na Esplanada dos Ministérios cerca de 10 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, ficando abaixo da expectativa dos organizadores. O ato foi marcado por defesas veementes ao presidente Lula e ataques à ''direita'' e à ''imprensa burguesa''.

O ato, que reivindicava medidas de combate à corrupção, mas poupou o Palácio do Planalto nas críticas e no trajeto da manifestação, foi liderado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), União Nacional dos Estudantes (UNE), MST e contou com a tímida presença de parlamentares do PT e PC do B.

Ao longo do protesto os manifestantes exibiam camisetas de ''Lula-2006'', bandeiras petistas e dezenas de faixas de apoio ao presidente.

Os líderes do ato se colocaram como os ''únicos capazes de cobrar o combate à corrupção'' e desafiaram o Congresso a ''passar por cima dos movimentos'' caso tentem cassar o mandato de Lula. Na manifestação, que durou cerca de três horas, jovens ao estilo ''caras-pintadas'', vestidos de preto revezavam frases de apoio a Lula com pedidos de investigação dos casos de corrupção e críticas à política econômica.

A postura contraditória da manifestação, que sugere punição para os acusados nos escândalos, mas festeja o governo foi chamada de ''chapa-branca'' por integrantes da oposição. Ontem, o líder do PFL no senado, José Agripino acusou a UNE de promover o ato porque recebe repasses do Orçamento da União.

Segundo Agripino, a UNE recebeu R$ 1,1 mil de verbas só este ano. O pefelista afirmou ainda que a entidade teve aumento de 100% nos repasses de 2004.

- Os protestos têm de ser espontâneos. A UNE pode estar sendo utilizada com objetivos diferentes da sua tradição, em sintonia com a opinião pública - acusou o senador José Agripino.

A diretoria da UNE contestou as acusações e respondeu que mais da metade do R$ 1 milhão recebidos do Orçamento neste ano provém de emendas de parlamentares, entre eles deputados do PSDB, como Gustavo Fruet (PR), um dos sub-relatores da CPI dos Correios.

O presidente nacional da CUT, João Felício, entidade que também participou da manifestação, negou o financiamento do governo:

- Não precisamos de dinheiro de governo para botar o povo na rua - reagiu Felício que atribuiu à imprensa a desconfiança de o protesto ser patrocinado pelo Estado. (F.P.)