Título: Doleiro afirma que operou para o PT
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 17/08/2005, País, p. A4

Toninho da Barcelona aponta também operações feitas por Márcio Thomaz Bastos, José Dirceu e Henrique Meirelles

Folhaporess

SÃO PAULO - Em depoimento a uma delegação de deputados da CPI dos Correios, o doleiro Antonio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona, foi categórico ao afirmar que fez algumas operações para políticos do PT entre 2002 e 2003. Sem especificar como, disse que vai provar ainda que o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, remeteu dinheiro para o exterior. Também sem apresentar documentos, prometeu detalhar operações ilegais do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, no MTB Bank. Segundo parlamentares, ele afirmou conhecer o doleiro com quem Thomaz Bastos opera, mas não informou se a remessa seria ilegal. Só disse que poderia apresentar documentos sobre essas operações:

- A declaração de Imposto de Renda pode mostrar se ele mandou ou não - teria dito.

O depoimento ocorreu no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, em São Paulo. Orientado por seu advogado, o doleiro afirmou que brevemente dará mais mais informações em troca da redução da pena de 25 anos que está cumprindo por evasão de divisas.

Confrontado com o nome do ex-ministro José Dirceu, Toninho da Barcelona disse que, ''no momento oportuno'', tem como chegar às ligações do ex-ministro com a corretora Bonus-Banval, que está sendo investigada pela CPI do Mensalão.

O líder do PP na Câmara, deputado José Janene, também teria envolvimento com a corretora, segundo Toninho. A corretora é uma das principais beneficiárias de dinheiro saído das contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. A ligação de Dirceu com a corretora teria ocorrido em 2002, possivelmente pouco antes de ocupar o ministério.

Quanto ao ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, afirmou que, pelo fato de que trabalhava com mais de 80 funcionários, precisaria de tempo para levantar eventuais operações com a casa de Câmbio Barcelona Tour.

Ainda sem apresentar provas, ele afirmou também que o deputado José Mentor (PT-SP) comprava dólares de suas mãos. E reafirmou ter sido procurado, no dia 24 de junho, por dois advogados em nome do deputado. No encontro, ele teria negado declarações do ex-tesoureiro do PPS, Rui Vicentini, de que operara para o PT desde 1989. Além disso, Toninho da Barcelona disse que um doleiro ligado ao PT - de apelido Paco - teria usado uma conta-ônibus (conjunto de contas ilegais) do MTB Bank, banco americano investigado pela CPI do Banestado sob suspeita de ter sido usado por doleiros para lavagem de dinheiro.

- De 1985 a 2003, o MTB Bank foi usado por toda a sociedade. Não escapa ninguém. Nem instituição filantrópica. Nem padre - disse Toninho da Barcelona.

Condenado a 25 anos de prisão por evasão de divisas, ele prometeu dar informações sobre operações do Banco Rural até março de 2005 e disse ter como contribuir com informações sobre o assassinato de Celso Daniel, o prefeito petista de Santo André.

O deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), que integra a CPI dos Correios e também foi a São Paulo disse que p o doleiro incluiu pessoas ligadas ao governo Fernando Henrique e a outras administrações no rol das que enviaram dinheiro para o exterior.

O relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), afirmou que tudo o que Toninho disser será rigorosamente checado.