Título: Terroristas seqüestram cidadã polonesa
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 29/10/2004, Internacional, p. A-12
Ultimato dado ao governo japonês venceu ontem
BAGDÁ - A crise dos reféns no Iraque viveu ontem um dos piores dias com o anúncio do seqüestro de uma mulher polonesa e o assassinato de onze guardas nacionais iraquianos. No mesmo dia, venceu o ultimato dado ao governo japonês, pelo grupo terrorista liderado pelo jordaniano Abu Musab al Zarqawi, para que retire as tropas do Iraque em troca do respeito à vida do refém Shosei Koda.
A rede Al Jazira transmitiu um vídeo no qual um grupo extremista iraquiano, até o momento desconhecido, assumia a autoria do seqüestro de uma cidadã polonesa e exigia ao governo de Varsóvia a retirada das tropas do Iraque.
A mulher, cuja identidade não foi informada, apareceu sentada, aparentando certa tranqüilidade, sob uma bandeira negra na qual se podia ler ''Abu Bakr al-Sidiq'', nome do primeiro califa muçulmano e chefe da pequena comunidade islâmica depois da morte do profeta Maomé.
A breve gravação não esclareceu se a mulher tinha relação com as tropas polonesas posicionadas no Sul de Bagdá, qual era sua ocupação ou motivo pelo qual está no Iraque, nem onde, quando ou como foi capturada.
A Polônia tem 2.500 soldados posicionados no Iraque. As tropas estão sob o comando das Forças Multinacionais na região Centro-sul iraquiana.
A cidadã polonesa é a segunda mulher da qual se tem notícia que foi tomada como refém na última semana por um grupo terrorista iraquiano. Margaret Hassan, uma britânico-iraquiana responsável pelo escritório da organização humanitária Care International em Bagdá, foi capturada no último dia 19 na capital por elementos do grupo de Al-Zarqawi.
O japonês, identificado como Shosei Koda, também está com o grupo terrorista, que até o momento cumpriu todas suas ameaças.
Zarqawi exige a retirada dos cerca de 500 soldados japoneses posicionados na região de Samara, no Iraque. Condição que o primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, se recusa a cumprir.
Outra organização fundamentalista, a Ansar Al Sunna (Seguidores da Sunna), que mantinha onze membros das Forças de Segurança do Iraque retidos, anunciou ontem, em um comunicado divulgado pela Internet, que os assassinou.
Os onze agentes, membros da Guarda Nacional iraquiana, foram capturados na semana passada na estrada que une Bagdá à Hilla, cerca de 90km ao Sul da capital.
No mesmo site no qual a captura dos iraquianos foi anunciada, o grupo veiculou um vídeo onde mostrava as carteiras de identidade dos reféns antes de serem mortos. Pelo menos um deles foi decapitado, enquanto vários outros morreram executados, com um tiro na cabeça.
Depois da execução, os seqüestradores voltaram a acusar os reféns de ''colaboracionistas'' e disseram que a ação era uma advertência de qual será o castigo reservado aos que cooperarem com as forças estrangeiras no Iraque.
As Forças de Segurança iraquianas se tornaram um dos alvos mais freqüentes dos insurgentes, que os acusam de trabalhar junto às tropas de ocupação.
No domingo, foram encontrados os cadáveres amarrados de 49 agentes da Guarda Nacional, que foram atacados por homens armados quando voltavam de um curso de formação em um campo próximo à fronteira com o Irã.
Os veículos nos quais viajavam foram baleados por um grupo de insurgentes, que os obrigaram a descer antes de assassiná-los a sangue frio.
Pouco depois da descoberta dos corpos dos 49 agentes, o grupo Monoteísmo e Jihad, de Al-Zarqawi, igualmente assumiu a autoria do massacre.