Título: Acordo com o SUS abre Incor à comunidade
Autor: Rodrigo Vasconcelos
Fonte: Jornal do Brasil, 17/08/2005, Brasília, p. D4

Instituto tem capacidade de atender a 600 mil pessoas e poderá dobrar o número de cirurgias cardiovasculares junto com o Hospital de Base de Brasília

Os portadores de doenças cardíacas do Distrito Federal contarão a partir de hoje, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), com o atendimento médico de um dos centros mais modernos do País especializados em coração, o Incor-DF. O hospital custou R$ 100 milhões, foi inaugurado em novembro de 2004, mas só agora passará a atender cerca de 60% a 70% dos pacientes pelo SUS, de acordo com uma portaria assinada ontem pelo ministro da Saúde, José Saraiva. Pela portaria, o ministério aumentará os repasses para a Secretaria de Saúde do DF em cerca de R$ 2,5 milhões anuais, dinheiro vinculado ao pagamento dos atendimentos realizados pelo Incor-DF por meio do SUS.

Até hoje, o único hospital da rede pública que realizava cirurgias cardíacas era o Hospital de Base. Na fila de espera por cirurgias no hospital estão atualmente 180 adultos e crianças. Com o reforço do Incor-DF, serão mais 360 cirurgias cardiovasculares por ano feitas por meio do SUS.

- Agora não tem mais espaço para aquela velha piada de que o melhor tratamento para quem tem problema de saúde em Brasília é a ponte área. O DF passa a contar com um centro médico de alta tecnologia, o Incor-DF, ainda mais moderno que o de São Paulo - disse o ministro da Saúde, José Saraiva Felipe, em alusão a uma piada atribuída ao ex-governador mineiro, Magalhães Pinto.

Além das cirurgias, o hospital tem capacidade para realizar o atendimento gratuito a 600 mil pessoas por ano. Mas para que o Incor-DF possa receber pacientes pelo SUS, falta ainda a assinatura do secretário de Saúde do DF, José Geraldo Maciel.

- O secretário assinará a portaria ainda hoje (ontem). Agora, a rede pública do DF realizará quatro cirurgias cardíacas por dia, duas pelo Hospital de Base e duas pelo Incor-DF. Isso faz de Brasília um novo centro de referência nacional em cirurgias do coração - avaliou o governador Joaquim Roriz que, em discurso, disse que este é o primeiro investimento que a União faz na área de saúde no Distrito Federal.

O número de cirurgias cardíacas por ano ainda assim será baixo quando comparado à capacidade plena de atendimento do hospital.

- Temos potencial para realizar até 2 mil cirurgias por ano, mas existe esse limite físico estabelecido na portaria do Ministério da Saúde, que é de 360 cirurgias. Esse é o teto que corresponde ao valor dos recursos liberados, que é de R$ 2,5 milhões. Para atender mais, será preciso investir mais - disse o diretor-executivo do Incor-DF, Hélio Silveira.

Mesmo com o auxílio dos 400 profissionais do Incor-DF, a rede pública continua longe de suprir a demanda no DF por cirurgias cardíacas de alta complexidade.

- O ideal seriam 1.500 cirurgias cardíacas por ano. A soma das cirurgias realizadas pelo Hospital de Base e as 360 que o Incor-DF fará por ano não chega a 800 - disse Luiz Canêo, diretor de cirurgia cardiovascular do Incor-DF.

De acordo com Canêo, o DF ocupa atualmente o quarto pior lugar no total de cirurgias cardíacas realizadas anualmente. Com o reforço do Incor-DF, poderá ficar entre os seis melhores colocados.

Na solenidade de ontem, estavam presentes o ministro da Saúde, José Saraiva Felipe, Antônio Carlos Ayrosa, que representava o vice-presidente da República, José Alencar, o governador Joaquim Roriz e o secretário de Saúde do DF, José Geraldo Maciel.