Título: Pânico se espalhou entre os parentes
Autor: Gustavo de Almeida
Fonte: Jornal do Brasil, 29/10/2004, Rio, p. A-16

''Nós somos Comando Vermelho, nós vamos matar os vermes''. O coro ouvido em uma das galerias ainda lotadas de presos comuns da Casa de Custódia de Benfica se espalhou rapidamente entre parentes de policiais. Janaína Oliveira, mulher do policial Cleber Adriano de Oliveira, um dos dois acusados da morte do técnico de informática Cristiano Ríspoli Barros, em junho, passou a noite em claro. O marido, preso no 9ºBPM (Rocha Miranda) conseguiu avisá-la de que um capitão e um sargento já tinham ido para Benfica e que ele aguardava sua vez. - Ele disse, 'se um capitão e um sargento foram, por que eu que sou só um soldado não iria também?' Desde então estou muito nervosa. Meu marido está preso sem que haja nenhuma prova de que ele tenha sido o autor do disparo. Eu mesma falei com uma testemunha, que me narrou a mesma coisa, que o rapaz (Cristiano) não saiu do carro ao ouvir a ordem - disse Janaína.

Ontem o juiz do 1º Tribunal do Júri da capital, Fábio Uchôa Pinto de Miranda Montenegro, pronunciou o marido de Janaina e mais o soldado Anderson do Nascimento Seixas, de 28 anos. Na decisão, o juiz manteve a prisão provisória dos PMs. Os policiais serão julgados por júri popular porque, segundo o juiz, há indícios suficientes da autoria e prova da materialidade, evidenciada no laudo de exame cadavérico da vítima.

Tassila - como se identificou está há quatro anos longe do marido, o soldado Marcus Vinícius, preso por integrar um grupo de 22 policiais (dez já estão soltos) acusados de associação ao tráfico de drogas do Morro da Lagoinha, em Niterói.

Tassila não acredita na culpa do marido, preso também no 9ºBPM.

- As pessoas que testemunharam contra ele são todas ligadas ao tráfico. Não deveriam ter credibilidade. Agora ele corre o risco de ficar preso junto com bandidos que ele ajudou a prender - disse.