Título: Suspeita de bomba assusta Congresso
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Jornal do Brasil, 19/08/2005, País, p. A5

Passava pouco da hora do almoço - 13h30 - quando o Congresso, enxovalhado com as denúncias de corrupção, foi surpreendido com uma suspeita de bomba. Uma bolsa, de tamanho médio, sem identificação, foi deixada na Barbearia do Senado. Os seguranças da Casa passaram um detector de metais, identificaram fios e algo metálico, e chamaram o esquadrão anti-bombas da Polícia Militar. Uma hora e meia depois, a bolsa foi explodida no gramado em frente ao Congresso, provocando uma revoada de pássaros, um susto no presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava no Itamaraty. Era um alarme falso.

Mas a operação montada em frente ao Congresso foi cinematográfica. Seis carros do Corpo de Bombeiros e cerca de 30 homens do Esquadrão Anti-bombas da Polícia Militar do Distrito Federal isolaram o local, num raio de 30 metros. Curiosos que aproveitavam o horário de almoço prolongaram a pausa para acompanhar o desfecho do episódio. A passos cuidadosos um PM com roupas anti-queimadura, pegou a bolsa suspeita e levou-a para dentro de um recipiente especial, colocado no meio do gramado, onde ela foi explodida.

O trânsito de carros foi interrompido nas duas vias que dão acesso à entrada principal do Congresso, onde desembarcam os parlamentares, conhecida como ''chapelaria''. Os interessados em entrar no Parlamento poderiam fazê-lo, a pé, passando por entre os curiosos e os PMs. Em uma das rampas, dois médicos especializados em queimaduras aguardavam, agachados, preparados para emergências e imprevistos.

De acordo com o major Bulat, responsável pelo policiamento nas proximidades do Congresso, especialmente nos dias de manifestação contra os governos que se sucedem no Planalto, o barulho decorrente da explosão comprovava que não havia nenhuma bomba de verdade na bolsa.

- Se houvesse algum explosivo, o barulho seria muito maior, já que o detonador serviria como ignição - reconheceu o comandante da PM.

Ele afirmou que a operação realizada é a padrão nestes casos, comuns em colégios em dias de prova. O isolamento acabou sendo compatível com o tamanho da bolsa. Major Bulat declarou ainda que não viu necessidade de evacuar o prédio do Congresso, onde ocorriam os depoimentos de Delúbio Soares na CPI do Mensalão e de Henrique Pizzolato na CPI dos Correios.

O que sobrou da bolsa foi encaminhado para perícia. A Polícia acredita que os circuitos de televisão que funcionam no Senado poderão ajudar na identificação de quem deixou - ou simplesmente esqueceu - a mochila no Senado.