Título: Reação em defesa da economia
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 20/08/2005, País, p. A7

Oposição e governo temem que as denúncias contra Palocci contaminem a única área que até então estava intocável

Deputado Osmar Serraglio e Gustavo Fruet defendem a estabilidade econômica como meio de o presidente Lula manter a governabilidade

BRASÍLIA - A denúncia do advogado Rogério Buratti contra o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, provocou a mesma reação em políticos da oposição e do governo: todos concordam que cautela e uma resposta rápida por parte do governo são essenciais. A preocupação dos parlamentares é de que as denúncias acabem por contaminar a única área do governo Lula, que até então estava intocável: a economia.

Para o deputado tucano Gustavo Fruet (PR), o que abala a estabilidade econômica é uma potencial perda de governabilidade do presidente. Fruet destacou que as denúncias têm relevância porque atingem uma área que estava blindada. Disse ainda que, mais uma vez, ficou claro que há uma briga interna no partido.

- É mais uma denúncia que vem de dentro do sistema, não partiu da oposição.

Segundo ele, a denúncia contra o ministro é algo bem pior que um possível impeachment do presidente Lula.

Para o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), a divulgação de detalhes do depoimento de Buratti foi precipitada e resulta num quadro político-econômico perigoso.

- Num único dia, o risco país aumentou, o dólar subiu, a bolsa caiu. E podem vir mais coisas no fim de semana. Precisamos ter cautela, porque o problema não é só como o mercado fechou, mas como ele vai abrir na segunda-feira. Se comprovarem as denúncias, há alguma coisa perto do ''fim do mundo'' para o país.

O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), afirmou que não descarta a possibilidade de relevar as denúncias contra o ministro da Fazenda, em nome da manutenção da estabilidade econômica.

- O fato é pretérito e deve ser julgado de acordo com o atual momento político - disse ao afirmar que qualquer declaração sobre a denúncia, neste momento, pode ser precipitada.

O senador Delcidio Amaral (PT-MS), presidente da CPI dos Correios, afirmou ser preciso ter serenidade, responsabilidade e bom senso na análise:

- A despeito da situação da economia, que é boa e tem a confiança dos investidores, não podemos nos precipitar e ter essas acusações como verdades definitivas. Não podemos colocar lenha na fogueira.

Até mesmo um dos deputados da ala mais forte de oposição, o fluminense Eduardo Paes (PSDB) foi ponderado na análise do episódio em relação a Palocci. Afirmou que é preciso ter muito cuidado em um momento em que a maioria das denúncias estão virando ''lama atirada no ventilador''.

- Não estamos falando em blindar o Antonio Palocci ou protegê-lo das acusações, mas ele é o ministro da Economia do país.