Título: Liberados do trabalho
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Fonte: Jornal do Brasil, 29/10/2004, Brasília, p. D-8
Distritais governistas trocam plenário por eleições em GO
Não levou mais de cinco minutos. O deputado Gim Argello (PMDB) sentou-se na cadeira da presidência e chegou a ensaiar a abertura da sessão. Diante da óbvia falta de quorum, porém, cumprimentou as colegas Anilcéia Machado (PMDB) e Arlete Sampaio (PT) - as únicas presentes - e encerrou a sessão. - Já esperávamos isso porque liberamos a bancada hoje por conta do segundo turno das eleições - tentou justificar a líder do governo na Câmara, deputada Anilcéia Machado (PMDB). Segundo ela, boa parte dos governistas vai para Goiânia (GO) ajudar na campanha de Íris Rezende à prefeitura. Na chapa está o ex-secretário de Fazenda do DF, Valdivino Oliveira, candidato a vice.
Nem o presidente Benício Tavares (PMDB), que não deve participar das campanhas, apareceu. Apesar de ter liberado os governistas, muitos encontravam-se na Casa, pois só viajam amanhã. Segundo Anilcéia, a liberação da bancada não é problema, pois ''existe uma programação'' para que tudo seja votado antes do recesso, em 15 de dezembro.
- Se alguém tem poder de obstruir alguma coisa é a bancada governista. Nós fizemos funcionar a Câmara. Esperamos os 16 aqui na próxima sessão, na quarta-feira - disse, respondendo às ameaças de obstrução da oposição.
Para a oposição, a união da bancada do governo ''não é real'', como definiu a líder do PT, Arlete Sampaio. Eles apostam que a disputa pela presidência da Casa - que já tem três candidatos peemedebistas - pode diminuir a força do bloco.
Além dos petistas, os deputados Peniel Pacheco (PSB) e Augusto Carvalho (PPS) prometem obstruir sessões apenas quando forem fundamentais para fazer quorum. Ontem, eles souberam da sessão encerrada por falta de quorum quando ainda terminavam uma coletiva à imprensa, na qual apresentaram um manifesto de repúdio à permanência de Benício na presidência da Casa. A deputada Arlete Sampaio (PT) afirma que conclamar a sociedade é fazer da ''minoria numérica'' na Câmara a ''maioria política''.