Título: Narcotráfico: Combate acirrado no DF
Autor: Adriana Bernardes
Fonte: Jornal do Brasil, 21/08/2005, Brasília, p. D1
Essa semana a Polícia Federal do DF fez a maior apreensão de ecstasy dos últimos quatro anos. Foram 2.930 comprimidos de uma só vez, número considerado alto pelas autoridades, mas não exclusivo das drogas sintéticas. De janeiro a julho deste ano, os federais já apreenderam 102 quilos de cocaína. Pode parecer pouco à primeira vista. No entanto, é mais que a soma de todas as apreensões de 2001 a 2004, período em que a PF recolheu pouco mais de 75 quilos da droga. E a estimativa aponta que daqui para o final do ano os números do primeiro semestre podem se repetir. À frente do combate ao tráfico de entorpecentes no DF está o delgado Felipe Tavares Seixas. Ele concede entrevista, mas não permite ser fotografado.
- A nossa equipe é pequena e freqüentemente participo das operações. Procuro preservar a imagem por questão de segurança - justifica.
Em entrevista exclusiva ao JB o delegado traçou a rota do tráfico no DF e revelou a origem do entorpecentes que abastecem a capital federal. Ao comentar a repressão a este tipo de crime, relatou algumas dificuldades para cobrir a área de abrangência que inclui, além do DF, 35 cidades de Goiás e quatro de Minas Gerais. Na avaliação dele, os resultados têm sido satisfatórios. As estatísticas de 2001 a julho desse ano revelam números preocupantes para não dizer assustadores (veja quadro). A apreensão de maconha em 2004 foi quase duas vezes maior que em 2003. Em relação à cocaína não é diferente. Foram 44 quilos em 2004 contra 15,6 quilos no ano anterior. As apreensões de merla superam todas as outras. A primeira feita pela polícia federal, ocorreu em 2003 e não não passava de cinco quilos por ano. Agora, só no primeiro semestre de 2005, foram 62 quilos. É 15 vezes mais que o total apreendido em 2004.
A justificativa para o aumento das apreensões dessas drogas, segundo o delegado Felipe Tavares, pode ser a estratégia de atuação da polícia.
- Sempre que percebemos o aumento do consumo de determinada droga, desenvolvemos operações no sentido de combater este entorpecente. É o caso da merla que se tornou um problema crônico para DF e até produto de exportação para outras unidades da federação como Goiás, Minas Gerais e Bahia. Chegamos a prender traficante desses estados que vieram a Brasília buscar a droga - afirmou.
Para o delegado, dizer que aumento das apreensões está associado ao consumo maior, pode ser uma afirmativa perigosa e que não corresponde a realidade. Ele acredita que quanto maior for a repressão maior serão as apreensões.