Título: Empresários listam problemas da região
Autor: Mariana Filgueiras
Fonte: Jornal do Brasil, 23/08/2005, Rio, p. A13

A revitalização do Centro Histórico esbarra em problemas que independem das novidades arquitetônicas. Insegurança, sujeira, falta de fiscalização do comércio irregular, presença de moradores de rua e falta de iluminação preocupam comerciantes do local. A diretora do Teatro Rival, a atriz Ângela Leal, acredita que os investimentos e projetos anunciados para o Centro não vão resolver os problemas a curto prazo. - Os problemas são os mesmos há anos, entre eles, assaltos e coleta de lixo insuficiente. Precisamos da presença da Polícia Militar no trânsito, da Guarda Municipal à noite e da fiscalização do Juizado de Menores - listou a atriz.

A diretora levou ao debate o resultado de uma pesquisa feita este ano pelo Sebrae, traçando o perfil dos freqüentadores do polígono formado pela Praça Tiradentes, Lapa, Cinelândia e Rua do Lavradio. Os dados mostram que 60% dos freqüentadores da região são da Zona Sul, 87% têm ensino médio concluído ou fazem curso superior e 69% têm menos de 35 anos. Ainda segundo a pesquisa, cerca de 7 mil turistas visitam o trecho por mês.

- É preciso investir no local que este público jovem e líder de opinião freqüenta. Além disso, o turista que procura cultura não pode chegar aqui, não encontrar nenhuma placa de sinalização e ainda ser assaltado - alertou a diretora.

Segundo o secretário municipal de Urbanismo, Alfredo Sirkis, as placas de sinalização estão sendo providenciadas pela secretaria.

- Além de placas com instruções em português, teremos indicações em outros idiomas - contou o secretário.

O presidente da Associação de Comerciantes do Centro do Rio Antigo (ACCRA), Plínio Fróes, apontou problemas como a falta de incentivo para os projetos culturais do Centro.

- A Feira de Antigüidades da Rua do Lavradio não recebe nenhum tipo de incentivo da prefeitura e atrai vários turistas. Sugerimos também que a iluminação nas proximidades dos pontos turísticos seja reforçada - disse Plínio.

Em reportagem realizada pelo JB na semana passada, foram mostrados os problemas enfrentados pelo bairro boêmio da Lapa. De acordo com o subprefeito da cidade, Otávio Leite, o Instituto Pereira Passos (IPP) está analisando propostas feitas por comerciantes da região, como a instalação de quiosques para eliminar o comércio ambulante e a proibição do estacionamento de veículos no Largo da Lapa, onde ficam os bares.

A prefeitura assinou no início da noite de ontem um acordo em conjunto com a ACCRA, a Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio) e o Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Rio para transformar a região em Pólo Cultural, Histórico e Gastronômico do Centro do Rio Antigo. Com a iniciativa, comerciantes poderão ordenar as prioridades para investimentos no local.

O acordo também inaugura o projeto Viva o Centro do Rio, que pretende criar produtos como camisetas e bonés, que serão vendidos em lojas da região.

- É importante criar uma identidade do carioca com esta região, historicamente abandonada - justificou o subprefeito do Centro Histórico, Roberto Rocco.

O subprefeito ainda acrescentou que todas as reclamações relacionadas ao Centro devem ser enviadas à subprefeitura.

- Por meio de um ofício, poderemos encaminhar as denúncias aos órgãos competentes - disse Roberto Rocco.