Título: Faxina na Zona Portuária
Autor: Mariana Filgueiras
Fonte: Jornal do Brasil, 23/08/2005, Rio, p. A13

Na gaveta do secretário municipal de Urbanismo, Alfredo Sirkis, estão guardados 13 plantas e croquis que projetam nova vida para a Zona Portuária da cidade. Desenvolvido pelo Instituto Pereira Passos, o Plano do Porto do Rio é um conjunto de projetos que a prefeitura pretende tirar do papel fazendo parcerias público-privadas, as famosas PPPs. Os detalhes do empreendimento foram apresentados ontem, na abertura do Fórum do Centro Histórico, encontro realizado entre representantes do município e da sociedade civil para debater problemas e propostas para o centro histórico. Ao fim do fórum, que vai até amanhã, será formado um Conselho do Centro Histórico, composto por empresários e pessoas ligadas à revitalização da área. O conselho terá a atribuição de gerenciar o Fundo do Centro Histórico, recursos captados com comerciantes e empreendedores para financiar parte do projeto.

As muitas mudanças na paisagem da área incluem obras radicais. Entre elas, o tratamento paisagístico e acústico do Elevado da Perimetral, com uma iluminação que deve transformar o monstrengo - cuja demiloção já foi cogitada durante a administração de Luiz Paulo Conde - em atração. Para a Praça Mauá, está prevista a extinção do Terminal Rodoviário Mariano Procópio, que deve ser levado para a Rua Coelho de Castro. em lugar do já abortado Guggenheim, no cais, o projeto prevê a Cidade das Artes, um complexo para exposições e fomento de artistas brasileiros.

As mudanças no transporte da região incluem a extensão da ciclovia entre o MAM e a Praça Mauá, a implantação de seis linhas de bondes e a chamada ''reconversão'' de prédios públicos, como o que está sendo utilizado pela Polícia Federal.

- Todos os 13 projetos estão prontos para licitação. A idéia é atrair investimentos do setor imobiliário. Só através de parcerias público-privadas conseguiremos mudar a cara do centro histórico - justificou Sirkis.

O carioca ainda vai esperar um bom tempo para começar a notar as diferenças. O prazo para a conclusão de todas obras é de 15 a 20 anos, se as parcerias forem firmadas até o início do ano que vem.

- O Rio Cidade da Rua Sacadura Cabral é o único que ainda pode ser viabilizado com verba pública, para esta gestão. A intenção é reformar as fachadas dos casarios - acrescentou.

A implantação do projeto esbarra em dificuldades como a limitação orçamentária do município, a estruturação das PPPs e o impasse com empresas privadas. De acordo com Sirkis, a dívida que a Companhia Docas tem com a prefeitura é de R$ 230 milhões.

- A empresa deve sanar a dívida ou transformá-la em ações que invistam na revitalização da área. Estamos há dois anos esperando respostas - acusou o secretário.

A Companhia Docas admite o problema e informou que um grupo de trabalho foi firmado há um ano para negociar a dívida. A empresa não confirma o montante de R$ 230 milhões, alegando que os barracões das escolas de samba utilizaram as instalações da empresa por 15 anos sem pagar aluguel. Segundo a assessoria da companhia, a empresa tem projetos de revitalização que têm pontos em comum com a prefeitura.

O subprefeito do Centro Histórico, Roberto Rocco, acredita que o fundo administrado pelo Conselho do Centro Histórico possa contribuir com parte dos projetos:

- O conselho será importante na captação e encaminhamento dos recursos. É fundamental atrair novos projetos residenciais para esta região, para valorizá-la.