Título: Palocci passa no primeiro teste dos investidores
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Fonte: Jornal do Brasil, 23/08/2005, Economia & Negócios, p. A17
As explicações do ministro da Fazenda surtiram efeito imediato no mercado financeiro ontem. O dólar devolveu praticamente toda a alta registrada nos negócios de sexta. Desde janeiro de 2003, a moeda americana não caía tanto em um dia diante do real. Recuou ontem 2,65%, para fechar a R$ 2,385. Segundo informações do mercado, o real foi a moeda que mais se valorizou ontem no mundo. Já bolsa subiu 2,32%. Apenas três dentre as 55 ações mais negociadas da Bovespa fecharam o pregão com moderadas baixas. Na BM&F, as projeções futuras de juros recuaram. Boa notícia para o governo, que já começava a se deparar com um cenário menos favorável no mercado para rolar sua dívida pública interna.
- Se o Palocci não tivesse vindo dar explicações, o mercado teria sido bastante negativo hoje (ontem), como foi na sexta. Mas o alívio deve ser encarado como temporário. O mercado financeiro está muito volátil e sensível e vai continuar oscilando muito a cada nova denúncia - avalia Alexandre Lintz, estrategista-chefe no Brasil do banco francês BNP Paribas.
O contrato DI (que projeta os juros futuros) com resgate em janeiro de 2007 fechou ontem com taxa de 18,19%, ante 18,50% anuais de sexta-feira. Esse contrato concentrou metade das operações de DI realizadas na BM&F.
Novo teste para o mercado está marcado para ocorrer na quarta, com novo depoimento de Buratti à CPI dos Bingos.
O risco país brasileiro, medido pelo banco americano JP Morgan, voltou para perto dos 400 pontos. O indicador caiu 2,15% e fechou a 410 pontos. Quanto menor o risco, mais fácil conseguir empréstimos no exterior.
Para a consultoria GRC Visão, o fato de o ministro ter concedido entrevista coletiva para se defender deve ''transferir tranqüilidade, ao menos passageira, ao mercado financeiro, visto que Palocci teve um posicionamento forte e definitivo, ao contrário da posição reticente e evasiva dos demais integrantes do governo e do próprio presidente Lula''.