Título: Sumiço temporário de Buratti provoca alvoroço na CPI
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 24/08/2005, País, p. A4
Depois de um dia tenso, em que os integrantes da CPI dos Bingos não sabiam a localização de Rogério Tadeu Buratti, a comissão conseguiu contactar Roberto Lopes Telhada, advogado do ex-secretário de Palocci que pediu, na tarde de ontem, o adiamento do depoimento de seu cliente, previsto para hoje, mas a questão ficou em aberto.
Telhada assinou a convocação de seu cliente para depoimento na CPI, mas, alegando problemas de saúde, pediu o adiamento.
- Não sei qual doença, ele me disse apenas que seu cliente está doente - informou Efraim Morais (PFL-PB), presidente da CPI dos Bingos que no início da tarde mostrou irritação com o ''sumiço'' e chegou a pedir auxílio à Polícia Federal para localizar Buratti.
- Isso cria uma situação difícil para a CPI, entramos em contato com a superintendência da Polícia Federal para tentar localizar o senhor Buratti. Não queremos perseguir ninguém, mas assim fica difícil - ameaçou Morais.
No fim da tarde, quando os integrantes da CPI já suspeitavam de uma ''fuga'', o telefonema do advogado de Buratti tranqüilizou a comissão que aceitou que o depoimento fosse adiado, mas não para a semana que vem, como queria Telhada. Houve um acerto para que ele fosse ouvido no máximo até quinta feira. Até a noite de ontem, a CPI ainda não tinha definido a presença de Buratti.
Depois de conversar com o advogado de Buratti, que informou que seu cliente estava em São Paulo fazendo exames médicos, Morais disse que não há motivos para o ex-secretário deixar de comparecer ao depoimento.
- Acho que o senhor Rogério Buratti virá com a delação premiada para falar a verdade na comissão, já que ele deixou muitas dúvidas no outro depoimento.
Buratti, que é advogado e ex-assessor do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, quando ele ainda era prefeito de Ribeirão Preto (SP), foi preso quarta-feira acusado de crime de lavagem de dinheiro e tentativa de destruição de documento, mas, na sexta-feira, após negociar o benefício da delação premiada, prestou depoimento e foi liberado.
O advogado tornou-se peça chave nas investigações da CPI, porque afirmou ao Ministério Público paulista que Palocci recebeu, entre os anos de 2001 e 2002, R$ 50 mil por mês para favorecer a empresa coletora de lixo Leão Leão em licitações da prefeitura da cidade.
O dinheiro pago a Palocci seria depois repassado ao ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, que já admite ter montado um esquema de caixa dois para financiar campanhas políticas do partido.
No rastro das denúncias de Buratti, a CPI dos Bingos aprovou ontem a convocação de Juscelino Dourado, chefe de gabinete do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, para avaliar se Dourado tem ou não ligação com Buratti.